quinta-feira, 30 de novembro de 2017

SÍNDROME DO ENFADO NATALINO


Novembro a um passo de findar, o que para mim é o disparador sorrateiro de um conjunto de sensações nada agradáveis em relação ao mês de dezembro.
Tudo muito surreal, já que jamais sofri qualquer tipo de aflição neste período, muito pelo contrário, afinal, sou de uma época em que o período natalino era de festas fartas em família, onde o lúdico ainda encontrava acolhimento e muito mais afeto às mentes infantis, bem mais que propriamente presentes.
Todavia, confesso que jamais gostei, não apenas do Natal e Ano Novo, mas de qualquer data determinante a se comemorar, isto ou aquilo, mesmo reconhecendo serem necessárias para conscientizações sociais e mesmo como aglutinação de propósitos.
Bem, se fosse fácil o entendimento, não estaria ano após ano relatando o meu incômodo.
Como todo mundo, faço ceia, mas sem qualquer empolgação maior, e isto é frustrante, pois não vejo sentido em ter que se esperar um ano inteiro para, então, reunir, sorrir, beber e comer determinadas iguarias e ainda receber e oferecer presentes, apenas por obrigação, muitas vezes sem qualquer condição financeira, criando angustias e endividamentos na maioria das pessoas.
Isso sem falar que no dia seguinte, a fraternidade que deveria permanecer ou pelo menos aflorar em cada criatura humana, ao contrário, se dissipa como folhas ao vento e voltam-se todos aos seus mundinhos isolados e egocêntricos, ficando o tão bonito e afetuoso espírito amoroso, guardado a sete chaves até o próximo natal.

Essa síndrome que me domina, também tem seu lado produtivo, afinal, fez desenvolver em mim a capacidade de poder sorrir, brindar e presentear, quando sinto necessidade e principalmente prazer, e aí, também inexplicavelmente, desperto nos meus semelhantes afins o mesmo sentimento descontraído e absolutamente espontâneo, o que tem me garantido sorrisos, abraços e significativos gestos de delicadeza, tudo muito gratificante, levando-me a concluir que o espírito natalino é, antes de tudo, o prazer inenarrável de podermos doar e também receber, tão somente, sinceridade.

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