segunda-feira, 27 de novembro de 2017

POR UNS TROCADOS A MAIS...
Segunda-feira de final de novembro de uma era, no mínimo, preocupante, quando penso na alienação existencial que só aumenta, mesmo envolta em tantos caminhos de ensinamentos àa disposição na parafernália da internet ou nos tradicionais livros.
Uma infinidade de gurus, magos e profetas, religiões, seitas e filosofias que passeiam desde a condução de um respirar adequado, às comidas que são capazes de proporcionar a leveza necessária para se adentrar no mundo espiritual.
E no final das contas, o que se busca tanto é, tão somente, um pouquinho de paz interior, cada vez mais escassa, apesar de mais negociável.
Como em tempos remotos, fizeram renascer os suntuosos templos, as mais ricas oferendas, os mais absurdos comportamentos, numa demonstração assustadora de um retrocesso gigantesco da incapacidade humana em não se sentir parte integrante da vida, na qual sequer se percebe inserido.
Nunca o mundo abrigou tantos doutores e especialistas de quase tudo e também nunca esteve tão iletrado em se tratando da lição básica de, apenas, vivenciar o seu tempo terreno.
Olha ao redor e se sente perdido, sem rumo estabelecido a partir de si mesmo, de suas necessidades primárias de realização pessoal.
Não sabe quem é, de onde veio e tão pouco para onde quer ir, apavorando-se porque saber quem é, assusta, de onde veio, já não é seguro e para onde vai é a grande interrogação, afinal, são tantas variedades, não restando opção maior que se ver aturdido em meio a elas.
Penso que não está sendo nada fácil, discernir o melhor para si, sem que haja um esteio familiar que o sustente, então, o amparo surreal, torna-se a opção mais acessível em sua maioria, bastando ter para oferecer alguns trocados a mais que a infelicidade de existir, sem se enxergar e sem rumo, podem gerar.
E a legião de vampiros lá vai aumentando na mesma proporção do retrocesso, na busca da luz de um divino que salve, resgatando o que jamais existiu, prometendo o ilusório, mas garantindo a escuridão do desconhecimento, num falso alívio que precisa ser repetidamente comprado para que supostamente se encontre a liberdade.
Muletas, que garantem um lugar no céu e que aprisionam irremediavelmente, na terra.


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