Fazer
jornalismo em cidade do interior, onde as pessoas, sejam públicas ou não, se
esbarram por todo o tempo, onde os olhos se cruzam e é impossível separar-se a
pessoa do profissional, certamente é bem mais difícil que nas cidades grandes,
onde o anonimato oferece sempre um distanciamento mais confortável.
Daí, creio
ser necessário um cuidado especial no trato dos assuntos, já que a
possibilidade de um confronto é sempre infinitamente maior, como também a
responsabilidade quanto aos propósitos de por todo o tempo pensar em pautas que
privilegiem o maior número de pessoas, já que o bem comum sempre está bem mais
próximo e, portanto, mais real, por ser mais facilmente mensurável.
Selecionar
os discursos para não incorrer nas falácias que se tornam bordões e que, de tão
repetidas, acabam por se tornar verdades, induzindo aos erros avaliativos, é
sempre um desafio ao profissional que tem como objetivo executar o seu trabalho
respeitando o público que dele se utiliza para encontrar informações precisas.
Neste mundo
globalizado de modismos e instantaneidades, manter-se firme nos propósitos da
isenção é outro desafio descomunal, pois a corrupção moral e ética, pulula por
todo o tempo como atrativo de sucesso, comercializando opiniões e caráteres.
E aí, lembro-me
da máxima de Rui Barbosa ao constatar com melancolia a derrocada da ética e da
moral.
”De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se
da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Rui Barbosa
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