quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O OBVIO NECESSÁRIO


Hoje, no café da manhã, conversando com o Roberto sobre o meu prazer quanto ao hábito que jamais abandonei de tomar um farto dejejum, lembrei-me com satisfação que devia isto à minha mãe, sempre zelosa com a alimentação da família e que jamais deixou que este carinho esmaecesse, até mesmo, quando, já debilitada e refém de uma cama hospitalar, ainda assim insistia em querer saber se estávamos nos alimentando devidamente.
Em seguida, lembrei-me do carinho com que preparava a merenda para que eu levasse para a escola, mesmo já mocinha, com 14, 15, 16 anos, já cursando o NORMAL (quem se lembra deste curso?) em uma escola que ficava do outro lado da cidade, e que consumia duas horas do meu tempo, diariamente.
 Em meio a estas lembranças amorosas, as minhas idas diárias de Ipanema à Tijuca, no ônibus 415 (Estrada de Ferro/ Leblon), trouxeram também de volta antigas lembranças, hábitos adquiridos na educação doméstica para um maior e melhor convívio com os demais, que, infelizmente, feneceram ao longo do tempo e que, certamente, são responsáveis por grande parte da violência que nos envolve nos dias atuais.
Como meu ponto (de ônibus) ficava praticamente no fim de linha, havia sempre uma cadeira disponível, o que não me garantia assento até o fim de meu percurso, pois pelo caminho a superlotação, já existente na época, infinitas vezes, significou ceder o meu lugar para alguém mais velho ou com problemas aparentes de saúde, assim como, colocar no colo a bolsa ou a pasta pesada de qualquer pessoa era gesto absolutamente natural, tratava-se de gentileza que aprendíamos no seio de nossas famílias.
Comentei, então:
- Quem hoje arriscaria deixar a sua bolsa no colo de alguém, e quem estaria disposto a aceitar tamanho encargo?
- Quantos jovens são capazes de ceder seus lugares, seja no ônibus ou em qualquer lugar?
Que pena, não é mesmo...
Benditos cafés da manhã, almoços e jantares, quando a família reunida era sinônimo de força e amparo de caráter, respeito, solidariedade e fortalecimento de laços.

Só resta lamentar, os simples óbvios da boa convivência que se perderam.

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