Hoje, no
café da manhã, conversando com o Roberto sobre o meu prazer quanto ao hábito
que jamais abandonei de tomar um farto dejejum, lembrei-me com satisfação que devia
isto à minha mãe, sempre zelosa com a alimentação da família e que jamais
deixou que este carinho esmaecesse, até mesmo, quando, já debilitada e refém de
uma cama hospitalar, ainda assim insistia em querer saber se estávamos nos
alimentando devidamente.
Em seguida,
lembrei-me do carinho com que preparava a merenda para que eu levasse para a
escola, mesmo já mocinha, com 14, 15, 16 anos, já cursando o NORMAL (quem se
lembra deste curso?) em uma escola que ficava do outro lado da cidade, e que
consumia duas horas do meu tempo, diariamente.
Em meio a estas lembranças amorosas, as minhas
idas diárias de Ipanema à Tijuca, no ônibus 415 (Estrada de Ferro/ Leblon), trouxeram
também de volta antigas lembranças, hábitos adquiridos na educação doméstica
para um maior e melhor convívio com os demais, que, infelizmente, feneceram ao
longo do tempo e que, certamente, são responsáveis por grande parte da
violência que nos envolve nos dias atuais.
Como meu ponto
(de ônibus) ficava praticamente no fim de linha, havia sempre uma cadeira disponível,
o que não me garantia assento até o fim de meu percurso, pois pelo caminho a superlotação,
já existente na época, infinitas vezes, significou ceder o meu lugar para
alguém mais velho ou com problemas aparentes de saúde, assim como, colocar no
colo a bolsa ou a pasta pesada de qualquer pessoa era gesto absolutamente
natural, tratava-se de gentileza que aprendíamos no seio de nossas famílias.
Comentei,
então:
- Quem hoje
arriscaria deixar a sua bolsa no colo de alguém, e quem estaria disposto a
aceitar tamanho encargo?
- Quantos
jovens são capazes de ceder seus lugares, seja no ônibus ou em qualquer lugar?
Que pena,
não é mesmo...
Benditos
cafés da manhã, almoços e jantares, quando a família reunida era sinônimo de
força e amparo de caráter, respeito, solidariedade e fortalecimento de laços.
Só resta
lamentar, os simples óbvios da boa convivência que se perderam.
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