sábado, 2 de dezembro de 2017

TEMPOS MODERNOS?


Nem que eu vivesse mil anos, seria capaz de compreender a falta sempre abusiva do respeito ao outro.
De repente, de uns tempos para cá, intensificou-se a capacidade de nos colocarmos diante do outro e, com nossas verdades, agredi-lo, sob aplausos dos demais, chamando a isto de direito e cidadania.
Somos especialistas em querer cumprimento das infinidades de leis existentes, mas, ao mesmo tempo, as violamos sem qualquer consciência, pois, o que não nos faltam são argumentos que justifiquem tais violações. Afinal, nosso sempre próprio código de interpretação das mesmas, não nos permite punição, já que sempre nos sentimos certos e com direitos.
Penso, então, que nossas crianças, apenas estão nos copiando onde quer que se encontrem, até mesmo no próprio seio do lar, onde há muito, as regras de boa e respeitosa convivência se perderam em meio às torrentes caudalosas dos rios de um modernismo avassalador, onde se pode tudo.
Assustam-me, pessoas de minha faixa de idade, criadas fosse na família ou em qualquer lugar, como eu, em meio a ética de posturas, com noções claras de respeito e limites, hoje, concordarem e aplaudirem todo tipo de agressões em nome de supostas verdades, vendidas e exacerbadas pela massificação da mídia e estimulada por facções políticas.
Sou de um tempo em que os ditados populares: “NEM TANTO AO CÉU, NEM TANTO À TERRA” ou “DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS”, eram exercitados no cotidiano, o que nos obrigava a pensar, analisar e, principalmente, ponderar, o que definitivamente pouco se faz nos dias atuais.
O definitivo, jamais foi sinal de inteligência, assim como o absoluto, limita.
Não há um só lugar onde a condição da pessoa em seus direitos à privacidade seja respeitada, num esquecimento brutal de que, amanhã, este procedimento pode voltar-se contra o agressor de hoje, já que ninguém verdadeiramente se encontra imune às críticas alheias. Afinal, quem de sã consciência pode afirmar que jamais ferirá a verdade de um outro?
Chego à conclusão de que nossa sociedade brasileira está doente do mal do século da instantaneidade, da banalidade e dos justiceiros, todos em busca dos sempre decepcionantes salvadores, que frustram sistematicamente, abrindo a chaga da ignorância em relação a quase tudo, pois não há nada que possa solucionar a falta de limites, de educação e de civilidade.


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