Nem que eu
vivesse mil anos, seria capaz de compreender a falta sempre abusiva do respeito
ao outro.
De repente,
de uns tempos para cá, intensificou-se a capacidade de nos colocarmos diante do
outro e, com nossas verdades, agredi-lo, sob aplausos dos demais, chamando a
isto de direito e cidadania.
Somos especialistas
em querer cumprimento das infinidades de leis existentes, mas, ao mesmo tempo,
as violamos sem qualquer consciência, pois, o que não nos faltam são argumentos
que justifiquem tais violações. Afinal, nosso sempre próprio código de
interpretação das mesmas, não nos permite punição, já que sempre nos sentimos
certos e com direitos.
Penso,
então, que nossas crianças, apenas estão nos copiando onde quer que se
encontrem, até mesmo no próprio seio do lar, onde há muito, as regras de boa e respeitosa
convivência se perderam em meio às torrentes caudalosas dos rios de um
modernismo avassalador, onde se pode tudo.
Assustam-me,
pessoas de minha faixa de idade, criadas fosse na família ou em qualquer lugar,
como eu, em meio a ética de posturas, com noções claras de respeito e limites,
hoje, concordarem e aplaudirem todo tipo de agressões em nome de supostas
verdades, vendidas e exacerbadas pela massificação da mídia e estimulada por
facções políticas.
Sou de um
tempo em que os ditados populares: “NEM TANTO AO CÉU, NEM TANTO À TERRA” ou “DOIS
PESOS E DUAS MEDIDAS”, eram exercitados no cotidiano, o que nos obrigava a
pensar, analisar e, principalmente, ponderar, o que definitivamente pouco se
faz nos dias atuais.
O
definitivo, jamais foi sinal de inteligência, assim como o absoluto, limita.
Não há um só
lugar onde a condição da pessoa em seus direitos à privacidade seja respeitada,
num esquecimento brutal de que, amanhã, este procedimento pode voltar-se contra
o agressor de hoje, já que ninguém verdadeiramente se encontra imune às
críticas alheias. Afinal, quem de sã consciência pode afirmar que jamais ferirá
a verdade de um outro?
Chego à
conclusão de que nossa sociedade brasileira está doente do mal do século da
instantaneidade, da banalidade e dos justiceiros, todos em busca dos sempre
decepcionantes salvadores, que frustram sistematicamente, abrindo a chaga da
ignorância em relação a quase tudo, pois não há nada que possa solucionar a
falta de limites, de educação e de civilidade.
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