quarta-feira, 8 de outubro de 2025

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

Tenho refletido sobre o quanto somos, em regra geral, confusos. Clamamos por ética e moralidade, por segurança e paz, e, ao mesmo tempo, comportamo-nos como hipócritas, pensando e agindo de forma contrária àquilo que tanto recriminamos.

Isso manifesta-se desde os pequenos detalhes das nossas condutas cotidianas até aos atos mais impactantes, que fomentam exatamente o que declaramos estar errado na nossa sociedade, seja no nosso universo pessoal ou no contexto mundial.

Somos mestres em criar argumentos que, aos nossos olhos, justificam os nossos paradoxos, acreditando que não havia alternativa devido a esta ou àquela necessidade. Mais comum ainda é afirmarmos, em alto e bom som, que “a vida é assim” e, se todos fazem, “de que adiantaria eu não fazer"?


Por lógica, deduzo que somos tão contraditórios entre o que queremos e o que fazemos que podemos, sem sombra de dúvida, considerar-nos hipócritas, cada qual com as suas fraquezas e máscaras de camuflagem, inclusive o uso de Deus como justificativa.

O exemplo maior dessa incoerência está no avanço das disputas de venda de drogas, afinal, traficantes não existiriam sem o número crescente de consumidores. Da mesma forma, a política permanece corrupta porque, movidos por interesses pessoais, insistimos em eleger e pior, reeleger os mesmos que criticamos.

É tão óbvia esta constatação que chega a ser ridículo culpar “o sistema” pelos seus efeitos danosos, esquecendo que cada um de nós é uma unidade de consciência que deveria colaborar com a evolução da consciência coletiva. Ao não o fazer, perpetuamos um sistema cada vez mais distante do ideal de princípios e valores condizentes com as reais necessidades do ser humano.

Através da omissão que é cumplicidade,  seguimos normatizando e institucionalizando o escroque, o feio e o falso, em detrimento do nobre e do justo, com o argumento definitivo de que: “se todo mundo faz, por que não eu?”

Regina Carvalho – 7.10.2025 Tubarão SC

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