São nove horas desta manhã de sexta-feira e ainda nada escrevi.
Por que será, já que não me faltam variados assuntos?
Observo que, quando amanheço com lembranças apaixonadas, todo o restante parece-me de menor importância.
Minha mente, estando em modo amor, fecha-se para tudo o que não esteja nas ricas memórias de uma vida incrivelmente bela, a despeito das dificuldades, perdas e decepções.
Sim, na grandeza que exponho, jamais faltaram as areias quentes dos desertos existenciais, onde precisei da generosidade divina para calçar meus pés com as almofadas sagradas da esperança, a fim de que, em momento algum, se ferissem mais do que o necessário e a caminhada não fossem interrompida.
Transformei as agruras em versos e prosas, as lágrimas em colírios, as decepções em aprendizados, esquecendo-me de sofrer, já que não havia tempo nem espaço para me deixar abater.
Hoje, vivendo do lucro que o tempo generoso me presenteia, tenho tanto para relatar e comentar que, em momentos como o de agora, o branco insiste em preencher minha mente, criando a dúvida sobre o que escrever neste mar profundo e infinito que sempre esteve presente na minha longa vida.
Então, sabedora de que amanhã posso não mais estar aqui, deixo neste instante o meu grato testemunho: tudo valeu a pena.
Regina Carvalho — 10.10.2025, Tubarão SC
Nenhum comentário:
Postar um comentário