Cá estás, cá estou, cada qual sentado nos extremos da mesa, aguardando pacientemente ser servido o banquete da solidão.
Enquanto não chega, servimo-nos das entradas individuais de palavras filosóficas, contidas e servidas nas bandejas emocionais dos poemas.
Ao fundo, a música envolvente acalenta a fome do que nos falta, abafando os ruídos das nossas mentes cansadas da espera, neste banquete para o qual fomos convidados.
Trocamos olhares, onde tudo é dito, mesmo à distância, sobre as possibilidades que a mesa ampla nos promete, como sentir o aroma da pele não tocada.
Salivamos pelos lábios jamais beijados, pelos abraços que a imaginação aproxima, pelos corpos que em nenhum momento se fundiram.
O banquete, enfim, é servido, trazendo o belo, o nobre e o justo em bandejas ornadas de filigranas prateadas, conduzidas pelas mãos servis da esperança.
Alimentamo-nos numa aparente saciedade, mas já esperando pelo próximo convite, aquele em que, nos extremos da mesa do banquete, tu estarás e eu também, aliviando a fome que nos mantém unidos.
Regina Carvalho – 28.10.2025 | Tubarão, SC

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