SONS HARMÔNICOS

Neste instante, quando ainda o dia mal começou a clarear, já estou diante do computado escrevendo o capítulo 308 de meu mais novo livro de crônicas, podendo ouvir lá fora a sempre especial sinfonia de meus pássaros e de quebra, também ouço just the way you are, com Diana Krall, ambos levando-me a este êxtase matinal que me abastece para uma nova vivência, absolutamente rica do tudo de bom que me tem sido reservado.

Adoro escrever enquanto, aguardo as surpresas de um novo dia, que até, pode parecer monótono para muitos que apreciam os movimentos mais rápidos, apesar de estarem enganados, afinal, meus amanheceres só diferem dos demais, por estarem blindados com a bendita paz, mas no mais, tudo é bem movimentado, afinal, a natureza jamais foi estática e silenciosa, muito pelo contrário.

Provavelmente, talvez por esta razão, poucos humanos são capazes de perceberem seus sons e movimentos, acredito, que certamente enlouqueceriam, mas eu, acostumada desde cedo com este furdunço, deito e rolo, já que encaro como um privilégio poder interagir com as vozes da vida.

Meus ouvidos desde a infância, foram classificando-os e selecionando-os como um maestro diante de um número expressivo e diferenciado de instrumentos e aí, a depender do tempo e da hora em que subo no palco de meus amanheceres para ouvi-los, todos já estão devidamente afinados para me oferecerem a mais bela sinfonia que ouvidos humanos são capazes de absorver.

Na realidade, entro numa espécie de transe, onde nada mais importa, além de subir ao palco e com meus dedos ágeis, que na realidade são minhas batutas, começar a dedilhar a minha particular melodia, levando aos olhos e ouvidos sensíveis daqueles que me leem as mais suaves notas musicais que meus músicos imprimem em mim, nestes amanheceres de vida, liberdade e puríssimo amor.

Que neste sábado que promete ser ensolarado, já que os primeiros translúcidos raios já começaram a se deitarem por sobre as copas da mangueira, suas batutas pessoais estejam leves para determinarem os sons harmônicos de seus instantes presentes.

Beijos...