Estou aqui pensando que estamos tão condicionados a acreditarmos em falsas realidades, que nada mais são que falácias inventadas e adicionadas ao cotidiano do exercício das gestões públicas, que sequer somos capazes de mensurar os absurdos que representam e quando, o somos, por total incapacidade em nos rebelarmos, pois, nos sentimos impotentes, optamos em aceitar, crendo que a vida é assim, que a política sempre foi assim e que nada nunca vai mudar.
Se fosse esta uma verdade incontestável, ainda estaríamos andando de quatro, correndo dos raios e trovões ou nos alimentando um dos outros e não, esta, maravilhosa humanidade repleta de imaginações e realizações.
Nada é estático, a não ser a nossa teimosia em permanecermos atávicos a algumas situações, mesmo que estas, sejam absurdamente explicitas e óbvias dolorosas, aí sim, crendo que jamais nos afetarão.
Somos sobreviventes de uma Pandemia dilaceradora e nem este fato mundialmente devastador nos faz compreender que não estamos nesta vida a passeio e muito menos para sermos escravizados por meia dúzia de espertinhos, que insistem em tirar de nós, o bendito direito de pensarmos por nós mesmos, pedindo e se necessário exigindo o nosso bendito espaço de vida e liberdade.
Entre uma multidão de impotentes, existem sempre alguns que inconformados, erguem a única arma que possuem, que é justo, o seu senso de respeito ao que é justo e nobre e aí, como soldados voluntários, sem soldos, quarteis ou generais, vão a luta, recebendo inclusive, portas fechadas daqueles aos quais, defendem.
O medo, o servilismo, o complexo de vira-latas, estão tão encruados nos sempre indiscutivelmente oprimidos, que chega à dor, ser tão profundamente explicita em algumas regiões deste nosso país varonil, que se destacam no cenário nacional, através dos índices oficiais da pobreza, violência, analfabetismo e miséria.
A dor é tão forte que ao escrever sobre ela, por bem próximo já ter podido mensurá-la em minhas intermináveis visitas jornalísticas ao longo de 50 anos, que chega a refletir-se em minhas entranhas e aí, paro um instante e novamente posso imaginar, que esta mesma dor, inspirou o poeta Castro Alves com apenas 15 anos de idade a escrever NAVIO NEGREIRO E VOZES D’AFRICA, clássicos da dor e da vergonha diante das mazelas que seus olhos podiam enxergar, mas jamais sua alma aceitar.
Afinal, são lixos que fedem, adoecem e até matam...
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?”
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