Apesar de não só adorar um palanque, um microfone e de subir
num trem elétrico, então, nem é bom pensar, além de acreditar que poderia fazer
um bom e respeitoso trabalho, jamais jogaria por terra todo o carinho e
respeito que conquistei nesta bendita cidade, me candidatando a um cargo
público.
E isso é apenas sensatez em relação aos meus limites.
Confesso que é tentador, afinal, salários, gorjetas,
mordomias e prestígios sempre foram apelos fortes, mas acontece que sou ainda
daquele tempo respeitoso, chique e alinhado, em que havia distinção nas
posturas dos políticos, mesmo naqueles safadinhos, articuladores pessoais de
influências políticas, sociais e financeiras. Isso sem esquecer dos Juizes, delegados,
padres, pastores e pais de Santo ou qualquer autoridade ou pessoa de destaque
social de toda e qualquer cidade deste país varonil, que tínhamos orgulho genuíno
em considerar.
A liberdade desenfreada, costumes revolucionários sem ética
e a falta da simples educação, deram lugar a vulgaridade, ao despreparo
pretencioso e a crença mentirosa de que todos podem tudo, criando uma miscelânea
de propósitos, onde está quase impossível reconhecer o ideal de bem comum e
convivência.
O que chamam hoje de hipocrisia, na realidade eram limites
que freavam as empreitadas mais abusivas de ofensas pessoais indiscriminadas,
pois havia o respeito e não a idolatria ou a queimação contínua de judas.
Perdeu-se o equilíbrio nas relações sem que se desenvolvesse uma real mudança
nas premissas.
Tá certo que os mal feitos em sua maioria ficavam impunes,
mas ainda hoje, mesmo sob tantas ofensas, exposições públicas de degradação
moral, leis e estatutos, bandeiras de patriotismo e bondades sociais de várias
cores e intenções, os corrúptos continuam impunes, pois a justiça apenas conserva
male mal o status, mas sem a devida distinção que a caracterizava, pois há
muito se molda ao valor e peso das benécias ofertadas pelos advogados, amigos e
parceiros, sem esquecer da vaidade inimiga brutal das sérias decisões.
Não poderia deixar de mencionar que ser chamado de ladrão dá
Ibope e faz a cabeça de grande parte do eleitorado, que na realidade, sente
orgulho ou inveja da vitoriosa carreira de ladrão oficial do erário público.
É chique responder processo, ser preso e em seguida solto,
fazer uma delação, ser achincalhado nas redes sociais, imaginem que até são
defendidos por uma dita imprensa em cada local do país que se sente honrada em
ser “cão de guarda” de meliante travestido de santo.
E se não bastassem as inversões assustadoras, ainda elegemos
um presidente repleto de boas intenções, mas sem absolutamente noção do cargo
que ocupa, que fala sem filtros de conveniência articuladora que o cargo exige,
como se estivesse no pátio de um quartel, falando com seus subordinados.
Jesus, confesso que apesar da enorme tentação de participar
da muvuca eleitoral e de quem sabe por um rabo do destino ser eleita, afinal, é
fascinante, o que vem depois... Deus meu!
Eu, não suportaria tamanha revolução nos meus costumes e
muito menos, deixar de receber os abraços absolutamente espontâneos, os
sorrisos francos, as críticas respeitosas sobre o que escrevo e publico e a paz
e a segurança que sinto nas minhas idas e vindas cotidianas, sem perder a
liberdade de ser e de pensar.
Não... É muito para mim, afinal, tem coisas que são como a nossa
própria pele, não conseguimos viver sem elas e depois de conhecer as vísceras do
processo, tanto eleitoral quanto, na repercussão popular que se desenvolveu nos
últimos 20/ 25 anos, aí é que não dá mesmo, até porque, reconheço que além de convicta
de que se ganhasse, saberia o que fazer ao invés de tão somente, deleitar-me nas
aguas mornas da inoperância, também sei com a certeza absoluta, que este
sistema público viciado e corrompido, não me deixaria nada ou quase nada realizar
inerente ao cargo, sendo mais uma voz solitária, como vez por outra é possível
observar...
Portanto, desculpem a minha afirmativa de “REGINA 2020”.
Quis apenas brincar com os amigos, fazer molecagem, porque assim como todo
mundo, também gosto de Zoar.
Eu quero mais é continuar abusadamente a ser feliz com meu
Roberto e meus amigos, nesta terra abençoada que chamo de minha Itaparica. Beijos
e obrigada pelos muitos apoios que recebi.
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