Provavelmente,
o fato mais enriquecedor de se viver muitas décadas é ir apreciando as
transformações pelas quais, naturalmente, o mundo vai passando em todos os níveis
e, com ele, ir também se reciclando, o que é bem diferente de apenas aceitar ou
se conformar.
Claro, que
cada pessoa tem a sua forma de enxergá-lo e principalmente de compreende-lo,
mas o fantástico é que, no final, ninguém chega a uma certa idade sem que, querendo
ou não, sua mentalidade não tenha se alterado, trazendo paz, sabedoria ou
inquietação.
Nada
permanece estático e é muito gratificante a constatação da importância
individual no contexto global e como a somatória destas individualidades são
capazes de girar as bolhas sociais, culturais e, sobretudo, emocionais,
trazendo uma contínua renovação, que pode até mesmo assustar, mas que agrega em
seu âmago as essências evolutivas materiais e espirituais, também de forma
individual, mas sempre corporativas no seu contexto universal.
Observo
encantada que não há vozes e ações que se percam pelo caminho, mesmo que
aparentem terem sido esquecidas ou nunca ressaltadas. Ledo engano, elas estarão
sempre presentes nos hábitos e costumes da infindável massa humana em sua trajetória
terrena e cósmica, através de energias vibrantes sempre prontas a inserirem-se
voluntariamente em todo aquele que busca integrar-se às suas afinidades, sejam
elas lá quais forem, daí, os expoentes disto ou daquilo que o tempo não é capaz
de sufocar, pois haverá sempre um alguém à recordá-los em pensamentos e
consequentes ações.
Tudo que
aqui relato, pode ser comprovado com apenas um pouquinho de senso observatório,
se a atenção for direcionada ao comparativo de tempos passados, e como exemplo,
deixei minha mente voar para os anos sessenta, com suas inúmeras transformações
e, é claro, foquei na música do inesquecível GONZAGUINHA, que, já naquela época,
percebeu como ao longo da vida percebi, que mudanças sempre acontecem, mas é
preciso seguir caminho, abrindo espaços individuais, na sua maioria, muito
difíceis, mas para que mais adiante, que pode ser meses, décadas ou até
milênios , tudo possa ser enxergado com mais nitidez.
Em nosso
país, foi necessário permanecer com a bunda exposta na janela, para que
neguinho esperto passasse a mão, mas com a mente ativa não só observando, mas
acima de tudo aprendendo, foi que depois de quase seis décadas longas e de muitas
perdas em sua maioria sofridas, parte do povo brasileiro atingisse a
consciência da liberdade de ser e de querer o real palpável e não apenas,
falacioso.
E aí, quando
os alguéns descem suas bundas das janelas e colocam em prática tudo que aprenderam,
mesmo a massa humana congelada nos seus núcleos do atavismo é capaz de perceber
que até podem ter cara de panacas e jeito de babacas, mas que seus corações explodem de emoção, querendo
tudo de bom e de melhor, e aí, nada mais será como antes.
Viva
portanto, todo aquele aparente solitário que contraria o aparente correto,
colocando na prática de todos nós, toda a sua sabedoria para, tão somente, nos
mostrar que viver é preciso e ser feliz, ainda mais.
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