quinta-feira, 26 de setembro de 2019

A BUNDA NÃO ESTÁ MAIS EXPOSTA NA JANELA.


Provavelmente, o fato mais enriquecedor de se viver muitas décadas é ir apreciando as transformações pelas quais, naturalmente, o mundo vai passando em todos os níveis e, com ele, ir também se reciclando, o que é bem diferente de apenas aceitar ou se conformar.
Claro, que cada pessoa tem a sua forma de enxergá-lo e principalmente de compreende-lo, mas o fantástico é que, no final, ninguém chega a uma certa idade sem que, querendo ou não, sua mentalidade não tenha se alterado, trazendo paz, sabedoria ou inquietação.
Nada permanece estático e é muito gratificante a constatação da importância individual no contexto global e como a somatória destas individualidades são capazes de girar as bolhas sociais, culturais e, sobretudo, emocionais, trazendo uma contínua renovação, que pode até mesmo assustar, mas que agrega em seu âmago as essências evolutivas materiais e espirituais, também de forma individual, mas sempre corporativas no seu contexto universal.
Observo encantada que não há vozes e ações que se percam pelo caminho, mesmo que aparentem terem sido esquecidas ou nunca ressaltadas. Ledo engano, elas estarão sempre presentes nos hábitos e costumes da infindável massa humana em sua trajetória terrena e cósmica, através de energias vibrantes sempre prontas a inserirem-se voluntariamente em todo aquele que busca integrar-se às suas afinidades, sejam elas lá quais forem, daí, os expoentes disto ou daquilo que o tempo não é capaz de sufocar, pois haverá sempre um alguém à recordá-los em pensamentos e consequentes ações.
Tudo que aqui relato, pode ser comprovado com apenas um pouquinho de senso observatório, se a atenção for direcionada ao comparativo de tempos passados, e como exemplo, deixei minha mente voar para os anos sessenta, com suas inúmeras transformações e, é claro, foquei na música do inesquecível GONZAGUINHA, que, já naquela época, percebeu como ao longo da vida percebi, que mudanças sempre acontecem, mas é preciso seguir caminho, abrindo espaços individuais, na sua maioria, muito difíceis, mas para que mais adiante, que pode ser meses, décadas ou até milênios , tudo possa ser enxergado com mais nitidez.
Em nosso país, foi necessário permanecer com a bunda exposta na janela, para que neguinho esperto passasse a mão, mas com a mente ativa não só observando, mas acima de tudo aprendendo, foi que depois de quase seis décadas longas e de muitas perdas em sua maioria sofridas, parte do povo brasileiro atingisse a consciência da liberdade de ser e de querer o real palpável e não apenas, falacioso.
E aí, quando os alguéns descem suas bundas das janelas e colocam em prática tudo que aprenderam, mesmo a massa humana congelada nos seus núcleos do atavismo é capaz de perceber que até podem ter cara de panacas e jeito de babacas, mas que  seus corações explodem de emoção, querendo tudo de bom e de melhor, e aí, nada mais será como antes.
Viva portanto, todo aquele aparente solitário que contraria o aparente correto, colocando na prática de todos nós, toda a sua sabedoria para, tão somente, nos mostrar que viver é preciso e ser feliz, ainda mais.

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