domingo, 1 de setembro de 2019

HOJE,

Talvez por estar começando a mais linda e perfumada estação do ano, estou com a mente acelerada e, enquanto preparo o almoço, pois ainda quero ir à praia, penso nos idosos da nossa cidade e até mesmo da Ilha como um todo, que assim como eu, ainda esperam muito da vida, com a consciência plena de já terem cumprido com as obrigações, fossem familiares, cidadã e profissional e neste aspecto vale ressaltar, na maioria das vezes, duros, pesados e mal remunerados.
Reparo que pouco se fala dos idosos sem o preconceito presente do coitadinho, frágil e dependente disto ou daquilo, como se fossem cartas marcadas pelo demasiado uso de um baralho a serem descartadas a qualquer momento.
Ledo engano, só descoberto quando a pessoa, se percebe envelhecido.
O fato concreto é que não se tem mais a mobilidade física dos 30/40 anos, mas ainda possuímos vontades próprias de nossas reais necessidades, fazemos projetos mentais e usamos a nossa experiência de vida como balizador de nossa ainda ânsia de viver e ser feliz.
E uma delas é o de estarmos antenados as infinitas mudanças sociais, científicas e tecnológicas, pois precisamos continuar interagindo com os mais novos e com as mudanças radicais que o sistema oferece indiscriminadamente. 
Penso que é chegada a hora de as gestões públicas, reconhecerem no mínimo o que representamos na sociedade em termos de amparo a sustentabilidade econômica, e, pararem de nos oferecer passas tempos como se só estivéssemos aptos a fazer tricô ou qualquer outro artesanato, em sua maioria ultrapassados. 
Os idosos do aqui e agora, querem mais, muito mais...
Que tal, ministrar aulas de computação para que possam ter autonomia para gastar suas aposentadorias, programar excursões, conversar com os amigos e descobrir o mundo que se descortina, através de uma simples telinha.
Que tal, fornecer saraus de poesia, música e leitura de textos clássicos e contemporâneos.
Quem sabe, ministrar palestras e encontros onde ouçam e participem de assuntos relativos à saúde, educação e segurança, mais que importantes para que estejam atualizados com os novos hábitos e costumes do mundo e de suas cidades.
Ou, oferecer música, estimulando através dela, o cantar, liberando suas vozes e suas emoções na formação de belos coros para a cidade que, poderia inclusive servir de amostragem de respeito a criatura humana a outros, onde se agregariam passeios e muitas aventuras.
Finalmente, manter inserido nos programas a jamais falta dos devidos medicamentos, assim como a regulação garantida de hospitalização ou consultas médica de baixa/média e alta complexidade, tirando de cada idoso o temor constante de que seus recursos financeiros e de mobilidade, não possam atender as suas mais primárias necessidades, isto sem esquecer daquela cesta básica, que alguns precisam desesperadamente, para que seus estômagos não conheçam a dor da fome.
Penso que estamos precisando rever as premissas de proteção aos idosos, tirando deles o estigma de criaturas sem qualquer maior importância que, qualquer coisa que se ofereça é sempre um favor.
Este texto ofereço a inesquecível Michelle Marques e toda a sua equipe da secretaria de saúde pela excelência dos serviços prestados a nós idosos, mas antes de tudo, cidadãos de nossa Itaparica que de forma inédita, desenvolveu um sistema de amparo aos idosos, repleto de iniciativas práticas, agregadoras e amorosas, incentivadas com a sua presença constante. 
Seu trabalho inovador, jamais dantes visto na sua integralidade, com os recursos minguados, mas com a vontade de acertar enorme, certamente nunca será esquecido por aqueles que acima de qualquer bandeira política, sabem reconhecer o bem recebido e a qualidade de um excelente trabalho prestado as comunidades.
Enquanto eu tiver vida e capacidade de escrever os meus texto, jamais deixarei de lembrar de todo bem genuíno que vi acontecer, nas atitudes amorosas dos meus semelhantes em favor do bem comum.

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