A tarde já se estabeleceu bem escurinha e eu, cá estou ouvindo uma seleção de músicas com Frank Sinatra e pensando na minha extraordinária vida, onde fiz tudo que me veio à cabeça, comi tudo que desejei, produzi tudo que imaginei e comecei projetos que me eram totalmente desconhecidos, aliás, Roberto era igualzinho a mim, daí, darmos tão certo, afinal, cada um ajudava o outro e juntos, apenas realizávamos, dividindo porções generosas de alegrias, mas jamais dor pelos fracassos, justo, porque não encarávamos desta forma, perder e errar eram apenas, partes do processo.
E foram tantos, mas um em especial tornou-se inesquecível, já que em 1970 propus criar o sistema de distribuição do Diário de Brasília que estava sendo criado por um grupo de empresários. Vendi o meu peixe, e eles compraram como se eu fosse a bam bam bam no assunto.
Inteligência e coxa roliça, faz coisas que até Deus dúvida.kkk
O problema é que tanto eu quanto Roberto, nada entendíamos do assunto, todavia, depois de duas semanas trocando o dia pela noite de leituras, pesquisas e mil rabiscos intuitivos, usando a logística da cidade e uma lógica primária de qualquer outra distribuição, finalmente conseguimos e foi um sucesso que perdurou pelo tempo da existência do jornal.
Eu tinha 22 e ele 28 anos de puro atrevimento.
Essa experiência abriu portas mentais para que dali em diante, tudo nos fosse possível criar do absoluto zero de conhecimentos. Sinto muita falta desta bendita parceria que se entendia e se completava pelo olhar.
lembro daquela vez que resolvemos que faríamos uma fábrica de Pão de Queijo, sem qualquer noção de panificação e não demorou muito para já estarmos comendo mercado do Forno de Minas que reagiu e nos deu a maior rasteira, afinal, eles tinham uma incrível estrutura e o dono era Newton Cardoso o governador de Minas, mas, na qualidade, vencemos de 10x0.
Os riscos eram as dosagens de adrenalina que precisávamos para manter o tesão de vida em um sistema sempre viciado, chato e repetitivo.
Nossa sintonia era simplesmente perfeita, como se fosse possível a cada um ler a mente do outro.
Enquanto, escrevo minhas lembranças, também belisco pedacinhos de filé mignon que Tereza Valadares comprou e trouxe pra mim e eu, fritei na manteiga.
Que prazer, deixar cada pedaço desmanchar-se em minha boca...
Pra mim, isso é felicidade...
Regina Carvalho- 7.6.2025 Itaparica
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