Pensando nas chuvas e no abandono de todas as ruas que não estejam no perímetro do centro histórico de Itaparica, no que se inclui a minha, localizada a 100 metros da maior e mais bonita orla da cidade, cujo abandono se tornou histórico.
Por quê?
Nas entranhas do país, longe dos grandes centros e das manchetes dos jornais, muitas pequenas cidades sobrevivem ao esquecimento. Não se trata apenas da distância geográfica, afinal, Itaparica e Salvador se avistam, mas de um abandono político que se agrava a cada novo mandato.
Prefeitos que deveriam zelar pela qualidade de vida da sua população como um todo, tornam-se figuras invisíveis, alheias às necessidades urgentes dos seus concidadãos. Mais grave ainda é a complacência dos vereadores, cuja função primordial seria fiscalizar o executivo e representar os anseios da população.
Contudo, em vez de atuarem como agentes de fiscalização e equilíbrio, a maioria esmagadora, tornam-se cúmplices silenciosos, quando não abertamente aliados, da má gestão. Estão mais interessados na manutenção de favores e vantagens pessoais do que em cumprir com a missão pública que lhes foi confiada.
Por outro lado, a população, exausta por promessas não cumpridas e desiludida com a política, além de saber não poder contar com um MP eficiente, assim com os demais órgãos fiscalizadores, adotam uma postura de resignação. A passividade transforma-se em rotina e, assim, a degradação ou estagnação dos serviços públicos, a falta de oportunidades, a ausência de políticas sociais e o êxodo dos jovens vão se tornando o retrato comum dessas localidades.
Este ciclo vicioso só se quebrará com cidadania ativa. É preciso que o povo se organize, participe, questione, fiscalize e exija dos seus representantes uma conduta ética e compromissada. O silêncio coletivo é o maior aliado da má política, mas aí, como esperar atitudes de quem sequer tem noção exata de seus diretos, acostumados como sempre estiveram com a submissão?
Pequenas cidades não são pequenas em importância. São o coração do país profundo, onde a democracia deveria ser mais próxima, mais palpável e mais humanamente eficaz. Não podemos aceitar o abandono como destino.
Todavia, é assim que tem sido, até quando, não sei, talvez, levem o mesmo tempo que outros segmentos como a real abolição da escravatura, 100/150 anos, talvez mais, afinal, com o pouco de esclarecimento educacional, visivelmente ideológico, que tem sido oferecido ao brasileiro, o mesmo, esteja confundindo cidadania com oportunismo.
E aí, só Jesus na causa...
Regina Carvalho- 17.6.2025 Itaparica
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