...seja lá o que for, fez-me acumular uma força estranha e altamente estruturante que só se enfraquece, quando se trata da vida, afinal, gosto tanto dela, que só de imaginar perde-la, sinto-me absolutamente perdida.
Amo estar sozinha com meus pássaros e borboletas, não como fuga, mas como opção que me é oferecida pelas circunstâncias dos meus cotidianos que, comparo com as tão preciosas pausas entre um acorde e outro em uma orquestra de muitos instrumentos.
Acostumei-me a refletir sobre minhas preferências até a exaustão, daí, estrutura-se um aspecto do meu caráter, afinal, não sinto arrependimentos e muito menos, me sinto rejeitada, encarando cada acontecimento, como um momento que precisava ser vivenciado.
Intuitivamente, fui retirando da complexidade do apenas viver, toda e qualquer necessidade que eu não pudesse controlar, todo e qualquer cordão umbilical, onde os elos de ligação, não fossem absolutamente, autônomos ou seja; te amo sem véus de disfarces ou conveniências e recebo o amor venha de onde vier, sem querer entender porque ele existe e muito menos que tenha que corresponder a qualquer expectativa sistêmica.
Quando nada ou pouco se espera, tudo que chega é valioso.
Simples assim...
Estou para completar 24 anos em que aportei neste paraíso e dele me apropriei apaixonadamente, sugando-lhe todas as seivas e doando-me sem medidas até que, em dado momento, compreendi que nos fundimos e aí, por ter chegado ao clímax de um profundo e poderoso amor, vi e senti ter chegado a hora de apenas, senti-lo como abastecedor de luz e paz em minha vida, onde precisei ir aceitando a sua forma de ser e de se apresentar, guardando cuidadosamente em mim, o tudo de bom que fui capaz de perceber e trazer para esse meu jeito esquisito de ser.
Escrevo sobre mim, porque só conheço a mim, ficando a vida dos demais tão somente, como miragens de achismos, já que de verdade, só posso mostrar meus sentimentos e com sorte, talvez, outros encontrem em meus relatos alguma semelhança e possam, fazer bom uso de minhas referências.
Numa época da instantaneidade em tudo por tudo, num país sem forte base educacional e com um povo que em sua maioria não recebeu os valores agregativos das leituras, é e será sempre um poderoso e silencioso sucesso, desfrutar de tantos que optam diariamente em ler meus escritos.
Escrevo este texto, pensando na minha adorável Itaparica e no quanto, a malvada política e o mal caratismo, foi capaz de descaracteriza-la, tornando-a um arremedo de qualquer outra cidade e no quanto, é preciso deixa-la em paz para que em algum momento, reestruture por si só, suas reais necessidades, afinal, malhar em ferro frio é no mínimo, falta do que fazer.
Nesta vida, tudo passa... Tudo sempre passará e ela, linda permanecerá a despeito da canalhice e da falta do real amor.
Regina Carvalho- 7.6.2025 Itaparica
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