terça-feira, 17 de junho de 2025

ATÉ QUANDO?

Cedinho acordei como de costume e sem uma definição do que escrever, fugindo assim, do costumeiro. Então, fui deixando o tempo passar, enquanto, ouvia a chuva que intermitente, fez com que eu e os pássaros nos escondêssemos.

Já parei de contar os dias em que o meu paraíso, tem sido inundado, assim, como revestido de um friozinho estranho, vindo sei lá de onde, mas que definitivamente, não faz parte deste pedaço baiano delicioso, que chamo de meu.

Confesso que o cheirinho de terra e vegetação molhadas adentram em mim como um elixir renovador, mas a ausência do sol e do seu calorzinho por dias seguidos, pelo menos pra mim, faz uma falta danada.


Até quando, terei de esperar para finalmente, sentar-me no balanço da varanda para ver o sol nascer?

O frio em si, jamais me incomodou, desde que tenha como parceiro o bendito sol, parceria com a qual, acostumei-me desde a infância, fosse em Teresópolis, Guapimirim, Caeté e em tantos outros locais, onde, fui aprendendo como carioca juramentada a conviver com o diferente, por entender que podia ser, apaixonante.

E sempre o foi...

A curiosidade e espirito aventureiro, destravaram qualquer frescura, medo ou preconceito, assim, como o senso claro e indiscutível de meus limites, que freava e ainda freiam a menina rebelde que jamais se afastou de mim, portanto, vivenciar o inédito, sempre foi um presente inestimável para mim.

O desafio é um fator impulsionador, pelo menos pra mim, tanto quanto, uma dose de prudência sempre foi o garantidor deles estarem sempre presentes em minha vida, colorindo o preto e branco que pode se tornar a rotina do cotidiano.

Penso então em Rainer Maria RilKe ao afirmar em “Cartas a um Jovem poeta”

“Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas”.

Pensando bem, neste instante, não ouço a chuva, apenas os pássaros que finalmente, puderam sair de seus esconderijos para um bordejo pelo jardim, enquanto eu, com minha poção de limites atuando, apenas, olho para o céu, através da janela, rogando a Deus por um solzinho, nem que seja por alguns preciosos minutos.

É, mas não parece provável...

Então, vou forrar o estomago com um pãozinho francês com manteiga e requeijão, que no frio, exige bem mais que um pingado a cada amanhecer.

Regina Carvalho- 17.6.2025 Itaparica

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