PERDOANDO...

Neste amanhecer sem chuvas e por enquanto, sem a presença dos pássaros, o bendito silêncio reina e estimula a reflexão sobre a importância dos efeitos do perdão em relação a saúde física e emocional.

Utilizar a capacidade de libertar mágoas, ressentimentos e culpas de forma consciente é antes de tudo, um empreendimento que requer determinação, força e autocompaixão.

Fácil?

Mudanças de hábitos, principalmente os cognitivos, jamais se mostram fáceis, exigindo daquele que reconhece seus efeitos maléfico, muita perseverança e amor por si próprio.

O MEU E O SEU TEMPO...

Esse texto eu deveria ter escrito na noite de ontem, enquanto assistia ao Globo Repórter em que o tema eram os baianos da família Veloso, especialmente à Maria Betânia de quem sempre tive a maior admiração, além de ouvi-la continuamente, mas o cansaço de um dia agitado e fora dos meus padrões de pata choca caseira, me impediu.

Todavia, cá estou escrevendo, enquanto, ouço Chopin e beberico o meu pingado, neste ainda escurinho amanhecer, aproveitando apaixonadamente cada instante de vida, mesmo que aparentemente, eu possa parecer aos demais, uma esquisita reclusa, que raramente participa seja lá, do que for e assim, pouco aproveitando seu tempo de vida, optando na maioria das vezes, pelo aconchego da própria casa, dos pássaros e borboletas.

APRENDI A VOAR

Ontem, enquanto, ouvia pela milésima vez a música “Samba do Avião” de Tom Jobim e cantada por Miucha, inevitavelmente deixei-me transportar para o Rio de Janeiro em recordações deliciosas de um tempo e de circunstâncias que este mesmo tempo, associado a outras sucessivas circunstâncias, simplesmente descaracterizou sua essência, sobrando apenas, o belíssimo e inigualável designer arquitetônico que ainda encanta, mas não cria as mais profundas emoções que no passado, inspirou poetas nativos e do restante do Brasil que atraídos pela  sua beleza e fama progressista pra lá migrou.

“Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara”

Um Rio de Janeiro sem preconceitos de origem, que acolhia e oferecia oportunidades a quem talento tivesse, a quem trouxesse na alma, as vibrações poéticas do apenas, belo.

QUE MULHER É ESSA??

Não se iludam com a pose de seriedade, hoje, está sendo mais um amanhecer em que estou me achando, não a última bolacha do pacote, já que minha percepção da realidade ainda não se alterou nesta proporção, mas com certeza, não menos uma delicia de pessoa de se conviver, naturalmente, quando acordo e me acho uma pata choca linda.

Na realidade, depois de escrever bobagens como esta, afinal, sou também filha de Deus com direito a cometer babaquices, tudo que preciso é saciar a fome com um pãozinho francês com manteiga e requeijão e para acompanhar, um chocolate quente.

Assim, mato dois coelhos com uma só cajadada, afinal, além da fome, estou com Frio.

Tudo para disfarçar a falta do meu Roberto, meu delicioso cobertor de orelha, que me agasalhou por cinco décadas, que mesmo, vez por outra se esgarçando, permaneceu me aquecendo sem rasgar até o fim....

Eu, quase sempre soube cuidar de mim, afinal, sempre optei pelas escolhas especiais, pois, jamais se acabam.

Trem bom da conta, sô!

Regina Carvalho- 29.6.2025 Itaparica

POLARIZAÇÃO

Acordei com esta palavra zunindo em minha mente, seguida de outras duas; admiração e respeito.

Por instantes, lembrei-me de quando, em momentos distintos, estive diante de uma autoridade, fosse clérigo (quem obteve ordens sacras religiosas), político, Jurídico, bem diferente de quando, fui apresentada a renomados artistas das várias áreas em tempos passados.

Sim havia distinção sem a qualificação de mais ou menos, apenas, de respeito as atribuições destinadas a cada um, afinal, uns estimulavam a cidadania e os outros aos sentimentos e emoções, num composto saudável de parâmetros que me permitiam admirá-los, sem necessariamente, idolatrá-los. 

HAJA FÔLEGO...

Não sei você, mas de vez em quando, acordo como se tivesse um mundo inteiro me aguardando.

Que coisa estranha é sentar-me na beirada da cama, olhar ao redor e constatar que não há nada, além desta sensação de premência, totalmente inexplicável.

Por um instante, penso em voltar para mais um soninho, mas imediatamente deslizo um pouco o corpo, calço as sandálias, afinal, nada e ninguém me espera, mas ainda assim, sinto que um novo dia começou e que preciso coar um cafezinho.

Sento diante do notebook e enquanto, beberico o pingado, busco inspiração, já que em manhãs como esta, onde a mente se mostra agitada, mostrando seu lado dispersivo, nem a música Meu Bem, meu mal, cantada por Gal Costa que expressa a sempre condição apaixonante de minha alma e muito menos, Adagio Albinoni (Strings and Organ), com os seus intensos violinos, são capazes de aplacar esta incerteza sobe tudo que me ronda.

"De repente, o texto finalizado some da tela"

Outro perdido que simplesmente, não consigo recuperar e aí, aquela velha dor conhecida estala em meu peito, fazendo-me por instantes, sufocar.

Passado o primeiro impacto, recupero o bom senso, afinal, de que me adiantaria sofrer pelo perdido, se perdido está? 

Foco-me num novo recomeço e aí, inevitavelmente penso em minha jornada existencial, repleta de recomeços, como se determinados já estivessem e nada, absolutamente nada que eu viesse a fazer os evitaria, só me permitindo exercitar os recomeços, o que me afastou da preguiça e da inercia emocional.

Escrevia sobre as fragilidades que venho percebendo nos relacionamentos de um modo geral e numa espécie de medo que a cada dia se estrutura nas pessoas, como se elas temessem aparentar vulnerabilidade.

👇👇👇Só me restou, coçar a cabeça pelo texto perdido e recomeçar...

ALGUMAS LÁGRIMAS

De repente, sinto uma enorme vontade de chorar, não porque eu esteja triste ou depressiva, mas porque me dou conta, que por três dias consecutivos não consegui fazer absolutamente nada que havia me proposto fazer, como se o universo, houvesse determinado outros planos, contrários aos meus.

Este fato em si, não me arrancaria lágrimas, se não estivesse envolto na conscientização assustadora de que sinto pressa, muita pressa, como se o meu mundo estivesse a ponto de se acabar, trazendo à tona, sentimentos e emoções não vivenciadas, mas muito desejadas.

E então, as lágrimas nada mais são que a visão de ver escapar entre os vãos das expectativas, meus preciosos desejos, sabedora de que não terei mais tanto tempo hábil, para continuar tentando, esperando.

Pensei ter feito tudo que queria, mas não, afinal, esqueci-me de que o tempo não para, como não para a minha incontrolável ânsia de viver.

Regina Carvalho- 24.6.2025 Itaparica

EU E VOCÊ, SOMOS O MUNDO...

A música Clássica possui obras que despertam os mais sensíveis sentimentos, como esta de Tomaso Albinoni, Adagio in G minor, maravilha que ouço neste momento de uma manhã friazinha de junho, mesmo estando na ensolarada e normalmente quente Itaparica e aí, penso que assim, como as estações do ano, nós, belezuras completas da natureza, também de quando em quando, oscilamos em nossas posturas e apresentações, ora alegres, simpáticos, irradiando um sol ameno e gostoso como se fôssemos uma primavera, ora cabisbaixos e taciturnos, como se fôssemos um inverno de pouco sol e muita chuva, ora vibrantes e produtivos, exalando aromas envolventes e deliciosos sabores, como se fôssemos um verão, ora silencioso, retraído e repleto de mistérios, como se um outono fôssemos.

Em dado momento, que confesso, não precisar quando, tudo foi ficando tão simples e sem mistérios alucinantes que geralmente, alimenta a ansiedade, tornando-a abusiva e muitas vezes, fora de controle, certamente nublando o logico, seja lá do que for.

MEUS ORGASMOS

Acordei sorrindo, já que minha mente, desfilava-os, preenchendo o quarto vazio em múltiplas emoções. O filme das lembranças passava rápido, mas no tempo necessário para trazer para o presente, as emoções vividas no passado, mas ainda capazes de serem sentidas no aqui e agora.

Penso então, agora escrevendo, que existem três tipos de pessoas; as indiferentes, as amadas e aquelas que nasceram para amar, onde me enquadro e que explica os orgasmos que jamais precisaram de uma recíproca, de um extra como estímulo ou de qualquer aditivo para acontecerem, inundando-me dos pés à cabeça, com um poder transformador tão intenso, que ainda hoje, é capaz de me fazer sorrir, não por conveniência de qualquer espécie, mas unicamente por estar amando.

O “SE” na Vida e no Mundo

Além de acordar sorrindo e apaixonada, também despertei reflexiva e então, lembrei-me do “se” eu tivesse feito, agido, falado de forma diferente, como teria sido ou estaria hoje, a minha vida?

O "SE" é uma das palavras mais pequenas da língua portuguesa, mas penso que se torna um peso extra imenso na vida das pessoas e no rumo do mundo. É um condicional, um espelho da dúvida, um convite à reflexão, muitas vezes, aparece como arrependimento: "E se eu tivesse escolhido outro caminho?" Outras vezes, surge como esperança: "E se tudo correr bem?".

AO VOLANTE...

Além do profundo mal-estar físico, a insegurança com certeza é outro sintoma que os antibióticos não combatem e aí, fico temerosa em relação a quase tudo, afinal, penso com uma ponta de angustia, que não posso voltar a sentir o que senti, quando, estava no auge desta virose que flagela, qualquer mortal.

Cruz credo!

Então, qualquer ventinho, vira furacão

Qualquer sereno, perigosa garoa...

SAUDOSISMO, SIM SENHOR...

Amanheci pensando ou melhor, lembrando das festas juninas de um passado ainda não muito distante, quando, a especulação do ganho fácil público nas contratações de artistas nacionais, ainda não tinha se assentado como norma,  até mesmo, nas mais remotas cidades do interior deste nosso Brasil Varonil, descaracterizando a tradição.

Aqui mesmo em Itaparica, as famílias acendiam suas fogueiras nas portas de suas casas, transformando as ruas em celeiros de pura alegria.

POIS É...

Estou neste amanhecer de um feriado em que poucos conhecem a origem, mas hoje em dia, pouco importa, não é mesmo?

Todavia, não é sobre isso especificamente que desejo escrever e sim, da constatação que dia a dia me estimula, que é o fato de apesar de viver num  país, cujo povo, jamais foi devidamente estimulado à leitura, a cada dia, o  número de seguidores do meu perfil do Facebook, vem crescendo e este fato é simplesmente maravilhoso, afinal, não posto imagens de rápida leitura, forçosamente exigindo uma maior atenção, o que nos dias atuais, está fora de cogitação da maioria que prefere o resumo de uma manchete, uma foto impactante, um símbolo que o represente, além do fato de jamais ter feito qualquer "merchandising" de mim ou dos muitos livros escritos, sendo apenas, a dona Regina.

“A Voz da Ética”

Para ser ouvida nas escolas, local onde se estrutura a cidadania.

Num banco de praça ou salão da cidade,

vive a esperança, vive a verdade.

O povo observa, atento e calado,

os passos de quem foi por ele votado.

Não pede palácios, nem ouro, nem glória,

pede justiça, memória e história.

Pede respeito, pede decência,

na condução da sua existência.

A ética pública, firme e serena,

é luz que dissipa a sombra pequena.

É guia de quem decide e governa,

com alma justa, consciência eterna.

Se um líder se esquece do que prometeu,

a cidade sofre, o futuro perdeu.

Mas se cumpre a palavra, com honra e razão,

semeia progresso em cada mão.

Não há cidade que cresça ao acaso,

mas sim onde o povo é tratado com caso.

Onde o direito é bem partilhado,

e o interesse de todos é respeitado.

Ó ética pública, espelho do bem,

sê bússola firme do que nos convém.

Que cada mandato, cada eleição,

seja um passo certo rumo à união.

Regina Carvalho- 18.6.2025 Itaparica

Quando o Poder Abandona as Pequenas Cidades

Pensando nas chuvas e no abandono de todas as ruas que não estejam no perímetro do centro histórico de Itaparica, no que se inclui a minha, localizada a 100 metros da maior e mais bonita orla da cidade, cujo abandono se tornou histórico.

Por quê?

Nas entranhas do país, longe dos grandes centros e das manchetes dos jornais, muitas pequenas cidades sobrevivem ao esquecimento. Não se trata apenas da distância geográfica, afinal, Itaparica e Salvador se avistam, mas de um abandono político que se agrava a cada novo mandato. 

ATÉ QUANDO?

Cedinho acordei como de costume e sem uma definição do que escrever, fugindo assim, do costumeiro. Então, fui deixando o tempo passar, enquanto, ouvia a chuva que intermitente, fez com que eu e os pássaros nos escondêssemos.

Já parei de contar os dias em que o meu paraíso, tem sido inundado, assim, como revestido de um friozinho estranho, vindo sei lá de onde, mas que definitivamente, não faz parte deste pedaço baiano delicioso, que chamo de meu.

Confesso que o cheirinho de terra e vegetação molhadas adentram em mim como um elixir renovador, mas a ausência do sol e do seu calorzinho por dias seguidos, pelo menos pra mim, faz uma falta danada.

OBSERVAR É UMA ARTE GENUÍNA

Neste amanhecer em que a chuva continua persistente, sinto-me reflexiva sobre tudo que já escrevi e pensando no quanto, a convivência fosse humana, com a natureza ou com a minha forte ligação com as energias benditas deste universo infinito desde a infância, me foram essenciais na produção das ideias e ideais que simplesmente jorram abundantemente.

Penso também que não foi por acaso ou porque nasci com este dom ou porque sou dotada deste ou daquele atributo pessoal, em absoluto, afinal, sem precisar sair dos limites literários brasileiros, é possível encontrar outros, mais ou menos letrados, muitas vezes, em suas singelas labutas diárias pela sobrevivência, produzindo pérolas.

SEMPRE SOL DE MINHA VIDA

O amor é meu parceiro e com ele, fui escrevendo a minha história e como é normal em qualquer relação, muitas vezes nos desentendemos, noutras quase rompemos, mas na maioria das vezes, estivemos tão juntinhos que era impossível enxergar um sem o outro.

O amor se estrutura através das afinidades que amenizam as sempre diferenças existentes, fazendo questão em ameniza-las, trazendo à tona das emoções, aqueles instantes em que o tudo de bom se fez presente.

O dia dos namorados foi a três dias, mas foi hoje, ainda pela madrugada, que acordei mais apaixonada, desejando muitíssimo o calor de seu corpo ao meu lado, o sabor de seus beijos em minha boca, a ternura de seus afagos em meus cabelos.

VARREI OS MARES, TUFÃO!

A queda das ilusões, nada tem a ver com a capacidade de ainda sonhar. O tombo não é único e não acontece de repente, vai simplesmente acontecendo, a princípio, espaçadamente e quando se percebe, tornou-se um trem bala, atropelando uma após outra das velhas ilusões, não sendo mais possível pará-lo em nenhuma estação do cotidiano, restando tão somente, trazer à tona a bendita serenidade em relação ao que não se pode mais disfarçar, porque mudar, jamais foi possível.

Nem tudo se perde quando vemos as ilusões simplesmente planarem nos ventos das realidades, sem mascaras ou qualquer outro disfarce enganador e igualmente, sem falsas piedades, descortinam-se em algum momento, deixando-se caírem sem vida nas calçadas dos nossos sentimentos, deixando-as livres do engano, abrindo espaço para uma nova forma de enxergar o mundo.

O AFETO QUE ERA ABRAÇO

E aí, neste amanhecer como de costume, acordei e nem me lembrei que já sou uma senhorinha e fui deixando todo o gás existente em mim, ditar o ritmo dos meus movimentos.

Lá fora, alguns pássaros já pontuam com seus cantos, a chegada de um novo dia, portanto, tudo perfeito e enganosamente parecido com outras dezenas de amanheceres em que  de corpo presente, a tudo assistia e registrava e foi com este pensamento que curiosamente, busquei com uma certa dificuldade os recursos oferecidos por um chat da IA e qual, foi a minha surpresa, sim porque gente da minha idade, ainda se surpreende, o que pode ser maravilhoso, mas também, aterrorizador ou ambos ao mesmo tempo, como acaba de acontecer comigo, afinal, em questão de segundos, minha solicitação foi primorosamente atendida e ainda em vários formatos, o que é impressionante, pelo menos pra mim, oriunda dos anos cinquenta que precisei me esforçar muitíssimo para adquirir um pouquinho de conhecimento, se bem, que não sou e nunca fui, um primor de dedicação, já que minha cabecinha, influenciada por pássaros, aromas e sabores, vivia mais envolvida com o lúdico do que com o pragmatismo, então, muito exigido.

NOSSA ITAPARICA

Depois que fiz tudo que precisei e que também quis fazer, mundo afora, foi aqui na minha adorada Itaparica que descobri, quem realmente eu era.

Descobrir-me, doeu e muito ao ponto de em alguns momentos, sentir-me rasgar por completo, mas também me libertou, levando-me a perceber o quanto de tempo útil desta vida eu, havia perdido, sufocando a Regininha de alma livre que só queria viver esquisitamente a seu modo, principalmente, garimpando as pedras preciosas naquelas pessoas ditas improváveis.

HOSPEDEIRO DE TODOS NÓS...

Claro que durmo, provavelmente, não seguindo os horários convencionais das “pessoas consideradas normais”, porém, respeitando o meu relógio biológico que com precisão, cuca dentro das minhas necessidades, talvez, por isso, minha resistência física e psicológica tenham sido razoáveis ao longo da vida, afinal, estou sempre atenta, respeitando os apelos de minha natureza, portanto, há muito compreendi que preciso de seis horas de um bom sono para acordar disposta, mesmo que isso ocorra as 2 horas da manhã, afinal, tudo vai depender da hora em que for dormir.

O mesmo acontece com a alimentação e com o tudo mais que esteja ligado ao meu corpo, hospedeiro de minha mente, sentidos e alma. Todavia, nem sempre foi assim, afinal, os apelos do sistema, quando se é jovem, são irresistíveis e absolutamente dentro de uma rotina, até que, de repente, algo começa a incomodar, coisa boba que a ida num médico remedeia e disfarça, já que na realidade, não demora muito para relaxarmos em suas recomendações, voltando aos velhos e corrosivos hábitos.

JURO QUE NÃO MORDO

Na manhã de ontem, escrevi sobre minha beleza e riqueza, hoje, para alimentar o meu narcisismo latente, vou falar sobre o meu excesso de fofura, sim porque, reconheço sem falsas modéstias que sempre fui um trem bom da conta, sô.

Ai, ai...só rindo de mim mesma...

Afinal, se eu não me valorizar, quem o fará?

LINDA E RICA

Que eu me acho linda, mesmo quando acordo desgrenhada, você que acompanha meus escritos, já sabe, mas talvez, não saiba que sou milionária e que toda a minha riqueza vem sendo acumulada sem qualquer pudor, desde que eu me entendo por gente, provavelmente, desde  a primeira vez em que percebi um raio de sol mais forte, obrigando-me a fechar os olhos ou quando, daquela primeira vez em que adorei que minhas pernas estivessem sendo mordiscadas pelas piabinhas na beira do riacho ou, quando, senti pela primeira vez a força e o volume da água da cachoeira desabando sobre mim. 

Em cada ocasião em que experimentava uma descoberta sensorial, fechava os olhos e a retinha em algum lugar que nem mesmo eu sabia qual era, formando um baú de riquezas, cujo acesso era só meu, principalmente, quando, a minha vida estava estagnada e sem graça.

LA VIOLETERA

Minha mãe é responsável por eu ser a babacona romântica que sempre fui, afinal, na época da minha formação como pessoa, ela insistia em levar-me para assistir filmes, como La Violetera, Sisi a Imperatriz, as aventuras do Zorro, contextos absolutamente diferentes da garotinha que estava sendo criada em Ipanema nos anos sessenta.

Se não bastasse a inserção em minha mente do lúdico e do belo, lá estava tia Hilda nos finais de semana e feriados, apresentando-me a vida através da exuberante natureza de Guapimirim e até mesmo meu pai, fazia a sua parte, expondo-se a mim, como meio homem, meio príncipe, que me fazia acreditar, ter saído das telas para encantar as nossas vidas.

Aceitar anos mais tarde a crueza da realidade, não foi uma tarefa das mais fáceis...

TESÃO CONTINUADO

Mesmo hoje, depois de escrever por uma vida inteira, ainda temo tocar em determinados assuntos, pois, são polêmicos e quase nunca abordados na profundidade que merecem e um deles é a fidelidade que se confunde com a lealdade, justo, porque envolve parcerias e valores, culturas e costumes, ética e moral. 

Creio que não seja novidade alguma afirmar que vivemos em uma sociedade absolutamente superficial, onde se fala muito de amor, porém quase ninguém o vive. Falamos muito de Deus e usamos expressões que o incluem, porém não o incluímos em nossas vidas. Fazemos listas de amigos nos aplicativos de relacionamento, porém na necessidade, com muita sorte, podemos contar com um ou outro. Todos se dizem felizes, no entanto, entre quatro paredes sofrem e choram a dor da solidão. As redes sociais não refletem a realidade, afinal, a hipocrisia reina, as máscaras são trocadas dezenas de vezes ao dia, enfim, nossa superficialidade abrange todas as facetas da vida.

PERFEITA PARCERIA

A tarde já se estabeleceu bem escurinha e eu, cá estou ouvindo uma seleção de músicas com Frank Sinatra  e pensando na minha extraordinária vida, onde fiz tudo que me veio à cabeça, comi tudo que desejei, produzi tudo que imaginei e comecei projetos que me eram totalmente desconhecidos, aliás, Roberto era igualzinho a mim, daí, darmos tão certo, afinal, cada um ajudava o outro e juntos, apenas realizávamos, dividindo porções generosas de alegrias, mas jamais dor pelos fracassos, justo, porque não encarávamos desta forma, perder e errar eram apenas, partes do processo. 

E foram tantos, mas um em especial tornou-se inesquecível, já que em 1970 propus criar o sistema de distribuição do Diário de Brasília que estava sendo criado por um grupo de empresários.  Vendi o meu peixe, e eles compraram como se eu fosse a bam bam bam no assunto.

AS PEROLAS DE CADA INSTANTE

Abri os olhos na manhã deste domingo e lá estava uma linda pérola fascinando minhas retinas...

De onde veio, se não da minha própria vivência, onde sempre estiveram presentes, transfiguradas em lugares, paisagens, animais, pessoas e circunstancias, não me deixando esquecer o quanto, podiam ser belas e agregativas à minha alma, trazendo-me um senso de gratidão, geralmente fora de moda, difícil de descrever, mas ao meu alcance para ser sentido.

E aí, imediatamente a bela imagem foi substituída por algumas das infinitas desgraças urbanas que as mídias não cansam de mostrar, num sadismo assustador e nem assim, deixamos de lado, algumas ou muitas visões distorcidas de nossas próprias vidas.

SEM MEDO DE PERDER

...seja lá o que for, fez-me acumular uma força estranha e altamente estruturante que só se enfraquece, quando se trata da vida, afinal, gosto tanto dela, que só de imaginar perde-la, sinto-me absolutamente perdida.

Amo estar sozinha com meus pássaros e borboletas, não como fuga, mas como opção que me é oferecida pelas circunstâncias dos meus cotidianos que, comparo com as tão preciosas pausas entre um acorde e outro em uma orquestra de muitos instrumentos.

Acostumei-me a refletir sobre minhas preferências até a exaustão, daí, estrutura-se um aspecto do meu caráter, afinal, não sinto arrependimentos e muito menos, me sinto rejeitada, encarando cada acontecimento, como um momento que precisava ser vivenciado.

SORRINDO!!!

O espelho diante de mim no banheiro, sem qualquer pudor expõe uma Regininha meio que descabelada, escovando os dentes e incrivelmente sorridente, afinal, entregar os pontos, jamais...

Foi assim a vida inteirinha para a incompreensão de tantos, afinal, como eu poderia ainda sorrir e me sentir animada, quando o mundo parecia desabar sobre mim e acreditem, muitas foram as vezes em que desabou, fosse no possível de ser enxergado ou simplesmente, feridas de quase morte em meu emocional.

Mas e daí, pensava entre os escombros dos terremotos?

COMBINAÇÃO PERFEITA

Nesta quinta-feira  que sequer clareou, cá estou pensando no quanto, deixei de me aprofundar em determinados aspectos da lingua portuguesa que afinal, permeou minha vontade constante em registrar tudo quanto, meus sentidos conseguiam captar, dando a cada um, a formatação de meu próprio entendimento. 

Por quê?

Hoje, depois, de milhares de laudas escritas, creio que o fascínio pelo constatado, atropelava a lógica da construção de um cenário que transformasse minha visão, num compêndio linguístico, ficando apenas, como um relato singelo sem regras gramaticas, já que eram ditados por uma mente impulsivamente apaixonada.

BOM DIA!!!

Acordar e poder abrir a janela para esperar a chegada de um novo dia, deveria ser a primeira e mais importante tarefa do dia de cada um de nós, já que as mídias não nos deixam esquecer que lá fora, seja em qualquer outro lugar deste mundo, afora nossa cidade, estado ou país, um número expressivo de pessoas, sequer tem esta possibilidade.

Se por um lado ouvimos e vemos, por outro, desconsideramos, já que são sem rostos e nomes, apenas fantasmas destes sistemas humanos absurdamente destruidores e aí, sequer de verdade mensuramos que podíamos estar lá e sermos um deles...Damos de ombro e seguimos adiante como outro tipo de fantasma, justo, o bonito e saudável aquém das desventuras, se mantém distantes e como não as temos, criamos, cultivando hábitos danosos que antes de tudo, nos roubam o sagrado direto de usufruímos momentos mágicos pelo simples fato de estarmos vivendo, alimentando em nós, o fel das tristezas, das angustias, das ansiedades sem qualquer maior propósito ao de nos alienar do que realmente vale a pena nesta vida que é a própria vida, nos dando a cada milionésimo de segundo, a bendita oportunidade em fazer dela, o nosso paraíso existencial.

CONTIGO APRENDI...

E aí, nesta expressão tão bem descrita num bolero em que alguns cantores oferecem um show de interpretação, minha mente sempre teimosa na busca de outros aspectos, não apenas do óbvio, viaja rapidamente e pousa em Guapimirim, centro energético da beleza e grandeza da natureza, onde aprendi ainda criança a conversar comigo, tendo a vida como decodificadora de meus sentimentos que ali, naquele local bucólico,  retornaram em forma de estruturação emocional que me garantiu uma vida de imensuráveis emoções, até, trazer-me a este outro poderoso centro de abastecimento energético que é a minha linda Itaparica de águas mornas e mansas, onde pude deixar escoar o entendimento completo das texturas, dos aromas e dos sabores que me forjaram.

Que mestre, que doutora, que esplendor de brilho e potencialidade reside em ti bendita natureza, donde tudo podemos extrair e nela tudo podemos depositar, seja de bom ou ruim, pois ela saberá sempre, qual o melhor destino a ser oferecido.

O SOL VOLTOU A BRIHAR

O dia amanheceu e depois de alguns dias posso enxergar e sentir o calor do sol sobre minha pele e isso, é simplesmente maravilhoso e se não bastasse, ainda abusada, ouço Sara Vaughan, tudo para celebrar ter podido sair do hospital, justo, porque, quando estamos com saúde, nos arvoramos de uma arrogância burra, crendo que somos imbatíveis e que tudo podemos, principalmente, reclamarmos de tudo e sequer observando a nossa volta, as outras muitas pessoas que sem ela, dariam tudo para votarem a tê-la, mesmo, vez por outra dando um probleminha aqui outro acola.

REDE DE APOIO

Acabo de receber alta do HGI, depois de dias combatendo uma virose infernal que sinceramente, pensei que meus fracos pulmões não suportariam, mas os valentes suportaram bravamente, mesmo que em alguns momentos, pensei que não teriam forças para puxarem o bendito ar de que tanto escrevo e me valho.

Mas aí, pensando neles, imediatamente lembrei-me das pessoas lindas que estiveram ao meu lado, pelo simples fato de gostarem de mim e elas, foram as brisas amorosa que empurraram o ar para dentro de mim, ajudando aos pulmões a finalmente acolher, oxigenando-me por completo, restaurando-me passo a passo, para que eu pudesse estar aqui e agora, só para demonstrar singelamente a minha gratidão.