Dos sons produzidos pela natureza, alguns são para mim, simplesmente fascinantes, desde a minha mais tenra idade.
Portanto ser despertada com os ruídos provocados pela chuva caindo nas folhagens, lembra-me uma sinfonia executada com maestria ao piano e então, já de pé, abro a janela e, mesmo a negritude do final do inverno ainda esteja presente, a vida pulsa, vibra e me contagia e, então, respiro fundo, permitindo que ela adentre em mim abundantemente, reafirmando a ela, todo o meu pertencimento...
Os pássaros ainda dormem e os visitantes, ainda não chegaram, levando-me a pensar egoisticamente, que neste amanhecer só existe eu para observar e sorver toda esta maravilha que incansável nos mimos a mim, ainda envia pequenas e leves aragens, para que cada uma delas, seja um toque amoroso a alisar-me mais que a pele...
Neste exato momento em que relato este amanhecer fascinante, percebo que não estou mais sozinha, já que ouço aqui e acolá os primeiros cantos desta plateia que assim, como eu, mantem-se fiel as representações deste espetáculo matinal que a vida oferece.
Já não chove e ainda não existem luzes possíveis de serem vistas no horizonte, mas com certeza, posso enxerga-las em mim e esse é o elixir que me mantém saudável e confiante de que, se o amanhã não existir, o hoje, com certeza existe e se escancara, com todo o seu potencial envolvente, desejoso apenas, que eu seja feliz.
E neste embalo de vida e liberdade, coloco como fundo musical, Liszt e Chopin e com eles e mais os pássaros, espero confiante, mais um amanhecer.
E aí, lá vem ele com os primeiros raios solares que mesmo tímido e meio acinzentados, convida você e eu, para vivenciarmos o amor, razão maior da existência humana.
Regina Carvalho- 29.8.2024 Itaparica
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