Desde pequena, desenvolvi uma ideia pessoal de que nada é por acaso e que cada pessoa teria um propósito em minha vida, assim, como eu teria na vida desta pessoa, como se o mundo estivesse conectado por vibrações energéticas que se atraem, mas que também se desconectam a depender da potência das afinidades em comum.
Partindo do princípio que o sentido básico de estar existindo, seria uma incógnita, talvez, por um puro acaso, eu tenha tido mais garra para romper as dificuldades de uma ejaculação e rompido as paredes de um útero, o que me fez um espermatozoide atleta e vencedor da medalha de ouro na competição, mas e daí, o que fazer deste troféu olímpico, quando tempos depois, me vi neste mundo de luzes, sons, aromas e texturas, cada qual, com suas especificidades?
Confesso que perdida e sem rumo, até que, encontrei sentido entre mim e a natureza e por incrível coincidência, ela gostou de mim e juntas, fomos nos cuidando, mas novamente confesso que dela, recebi infinitas vezes, mais que ofereci.
Também foi com ela que desenvolvi a minha argumentação inicial, afinal, o mundo subdivido em universos pessoais, está repleto de pessoas e, no entanto, com apenas algumas nos relacionamos e com raras, mantemos uma maior aproximação e com raríssimas, desenvolvemos laços afetivos, que não necessariamente, estão ligados ao DNA.
Há um magnetismo na maioria das vezes instantâneo, fazendo todo o sentido, mesmo que a razão da situação apresentada, nos indique o contrário.
Resistir, a vivência me mostrou ser imperdoável para mim, então, fui perdendo o medo dos riscos e confesso que em todas as situações, se sofri e se chorei, também sorri e senti grandes e inesquecíveis emoções, levando-me a crer que como escreveu Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não for pequena”.
E aí, fui compreendendo que o sentido de minha vida, se resumia em apenas viver, nada banalizando, nada dispensando sem pelo menos sentir, tal qual, minha saudosa e amada tia Hilda Roxo, carinhosamente me ensinou durante as caminhadas que fazíamos pelas trilhas da rica natureza de Guapimirim, quando então, pegava minha mãozinha de apenas uma menina e a levava a acariciar e a cheirar folhas, flores e frutos variados, em forma de brincadeira de reconhecimento, mas que na realidade, tinha como propósito, ensinar-me a reconhecer não só minhas afinidades, como de cada uma, escolher o que delas mais me agradava e de repente, descobri por exemplo, que os aromas e as cores dos cajus me fascinavam, mas a textura e o seu sabor, eu dispensaria, como o fiz vida afora, afinal, comer só mesmo, se o seu todo me agradasse.
Afinal, para mim, foram raras as pessoas que como as mangas e as jabuticabas, fariam sentido em minha vida.
Simples assim...
Regina Carvalho- 17.8.2024 Itaparica
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