Existem mil explicações, mas, no frigir dos ovos, para uma apenas: Regininha.
Nascer foi uma glória. O porquê nunca me interessou muito. Bastou-me ter sido, entre tantos espermas, a privilegiada. O resto compõe-se de compilações científicas ou de teorias generosas e consoladoras.
Fato é:
eu existo. E ponto final?
De jeito nenhum.
Afinal, é aí que começa a minha parte nesta história que, a depender apenas de mim, será bacana ou não.
Claro que sei que não funciona assim para todos os demais. Todavia, nunca senti que me coubesse qualquer especulação a respeito. Daí, foquei-me única e exclusivamente nas minhas obrigações junto a esta tarefa de apenas vivenciar, o que já não é pouco. Porque, cá pra nós, complicar é a maior capacidade que a humanidade oferece a si mesma e ao tudo mais.
Pois é…
Ao perceber não só essa burrice, mas, acima de tudo, esse desperdício, resolvi, por pura intuição, despir-me de qualquer lamentação. Parti, sem pudores, para o abraço do que me era possível e descobri que isso sempre traz compensações.
Dentre tantas, com certeza a mais convincente, mantenho registrada em cada texto que escrevi em minha vida: o orgasmo ininterrupto que descobri existir sempre ao lado daquilo que veio de fora para me ferir, magoar ou até mesmo lesionar, a minha opção de ser feliz.
Essa ninguém me tira.
Nem mesmo este sistema que a humanidade criou e que se aperfeiçoa a cada geração para se tornar mais frio e cruel, ainda que revestido do ouro e da prata das ilusões.
Portanto, a vida pode vir fria ou quente.
Enquanto vida eu tiver, estarei fervendo de prazer e amor.
Enfim, meu luxo é viver.
O resto são balangandãs que por aqui ficarão quando eu já não mais estiver.
Regina Carvalho
2.12.2025 — Pedras Grandes SC

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