A vida é a batida de um coração; é uma doce ilusão. A minha alma já sabia desta realidade antes mesmo de a minha mente compreender a importância de simplesmente estar viva.
Sempre houve em mim um mecanismo automático, quase impossível de dominar que habitava no meu interior e que, ainda hoje, como uma menina inquieta, insiste em só querer viver o que me faz feliz.
Tudo passa, tudo sempre passará. Então, por que sofrer e lamentar, se ali, logo adiante, tudo se desfaz, ficando para trás tudo o que perdemos ou ganhamos?
Simplista? Provavelmente sou. Afinal, para quê chorar, se posso encontrar um novo amor para me aconchegar?
Ah, Regininha… cuidado com o que escreves, já que, ao pé da letra, tudo parece sempre mais fácil de interpretar…
Quando deixei o meu paraíso baiano, pensei que o meu mundo acabaria em breve. Mas eis que o destino, gentil, disse “não” e, travesso, apresentou-me uma nova versão da vida, ali mesmo, à minha espera. Num único giro, desses de 360 graus, encontrei novas tonalidades daquele bendito verde, trazendo consigo novos sons, novo clima, novas energias.
Então, chorar para quê, se há sempre um novo amor a cada amanhecer?
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, escreveu Fernando Pessoa no poema Mar Português. A frase lembra-nos que grandes esforços e desafios impulsionam descobertas, sejam pessoais ou não e justificam-se quando feitos com coragem, paixão e ousadia. Uma “alma pequena” seria aquela que se conforma e não procura grandeza, deixando de valorizar o ato sublime de viver e superar-se.
Benditos os paraísos que busquei e encontrei; “Batei e abrir-se-vos-á” Mateus 7.7.
Benditas as pedras do caminho; benditos os medos, as lágrimas e as decepções que me impulsionaram a enfrentar os desconhecidos. Bendita, acima de tudo a compreensão de que não há beleza, triunfo ou sucesso no lamento da acomodação.
Partindo Pedras Grandes!
Regina Carvalho – 10.12.2025
Tubarão – SC

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