Hoje, literalmente, madruguei com a cabeça a mil, mas sem uma inspiração específica; apenas, naturalmente, ansiosa. Afinal, estou a poucas horas de me mudar definitivamente para um novo paraíso, e isso não é pouca coisa para a Regininha que, definitivamente, jamais conseguiu inserir-se por muito tempo neste sistema robotizante que, de tão envolvente, nos faz acreditar que seja o ideal.
E talvez o seja e eu é que esteja fora dos trilhos, catando hortênsias para o meu jardim emocional, enquanto ele segue viagem em busca de mais uma realização. Eu, sem pressa, na companhia dos pássaros e das borboletas, coleciono emoções, ciente que o destino final, é sempre o mesmo.
Penso, então, que por ter aprendido a não correr atrás do tempo, deixando-o passar na sua costumeira pressa, abarrotado de pacotes coloridos de expectativas ou de consolos, fui criando o meu próprio tempo. Tornei-me uma andarilha sem eira nem beira, mas capaz de ouvir, como neste instante, uma cigarra que, bem próxima, canta esgoelada. E eu, pisando com passos tranquilos rumo ao que me apraz, aceno e sorrio para ela e para ele, nesta última viagem de mais um ano de vida e liberdade.
Regina Carvalho
23.12.2025 – Tubarão, SC

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