quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

QUEM EU FUI E O QUE SOU?

Ora, apenas a Regininha palpiteira, que acha que de tudo sabe um pouco e, vez por outra, estatela as certezas e a bunda no chão. Porque, afinal, ninguém de verdade, além dos óbvios, sabe coisa alguma.

A mente humana é tão complexa e leviana que é impossível segui-la cem por cento com segurança. E ainda bem. Se assim fosse, perderíamos a grandeza das emoções, geradoras, aí sim, dos sentimentos que, muitas vezes, contradizem as nossas realidades, mas que, putz-grila, proporcionam sensações incríveis, a que chamamos felicidade.


Como, por exemplo, subir num trio elétrico, com um microfone na mão, discursando a céu aberto, na defesa daquilo que, naquele instante, me parecia ideal. Ou então, aos sessenta anos, em vez de esperar a morte chegar, voltar para a faculdade, na maior cara de pau, e deliciar-me com novos aprendizados, inteirando-me in loco das evoluções ocorridas ao longo dos últimos quarenta anos, período em que me resguardava no que até então havia assimilado.

Essas são pequenas lembranças, ainda recentes, que na realidade são reflexos de uma vida inteira, onde as certezas, fossem lá de que natureza fossem, eram prontamente rejeitadas por mim, pois funcionavam como cadeados que me impediam de voar.

Minha gaiola sempre precisou estar aberta, para que eu pudesse entrar e sair em busca da vida que, cedo percebi, era fantástica e sabia melhor de mim do que eu mesma.

Ah! E como eu vivi… 

Nem mais, nem menos do que os demais. Talvez apenas com o diferencial de não me poupar do direito sagrado de me amar. E, crendo-me abastecida desse amor, sobravam-me potes generosos para doar ao mundo.

Provavelmente, acordar no dia de Natal e ter diante dos olhos um pedacinho do Deus da vida, em forma de natureza pulsante, sentindo-o, ao respirar, no aroma da terra orvalhada, seja apenas a constatação da minha única certeza: tudo sempre valeu a pena.

Não me acanhar em dizer “eu te amo” a tudo e a todos que me eram afins não me livrou das perdas, das dores e das frustrações que as enganosas certezas oferecem a todos nós. Ainda assim, jamais me faltaram resiliência, esperança, pássaros… e borboletas.

Neste novo amanhecer, penso, sem sombra de dúvidas, que se sorri ou se chorei e não foi pouco.

Oh, Deus… com certeza mil emoções eu senti.

Regina Carvalho

25.12.2025 — Pedras Grandes, SC

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