Após três horas de profundo sono, acordo e ouço esta maravilha de música. Aos poucos, ainda meio sonolenta, tento escrever. Mas o quê, se nada está definido na minha mente? Então deixo os dedos deslizarem, pressionando levemente as teclas, como se eu fosse a pianista da melodia que me embala. Sigo a partitura que agora faz uma pausa para que o violinista se expresse, trazendo aos meus ouvidos uma nova versão da velha música que tanto adoro ouvir...
Perdi o sono? Deixei-o escapar?
Não sei bem a razão de ter despertado no meio da noite. Só sei que acordei, talvez para dar um intervalo à minha mente impulsiva, para que pudesse, com todos os pulmões, expressar-se.
Talvez…
De repente, a música muda e ouço uma das mais doces e apaixonantes canções: Feeling, na interpretação de Sarah Vaughan.
Leva-me a pensar que acordei porque a minha alma apaixonada pediu não qualquer música, mas aquelas que, mil vezes ouvidas, já aplacaram a dor da perda mais profunda da minha vida. Melodias que indicaram a esta senhorinha outros caminhos, capazes de despertar o sentido da essência da minha tenacidade, ajudando-me a reconhecer, num parreiral de possibilidades, o fruto delicioso de sentir-me plena.
Os meus olhos piscam, tentando limpar a névoa do sono que volta tão determinado quanto se foi...
Acordei, não por acaso. Fui despertada pela vibração de Santa Bárbara, para que eu fosse a primeira a saudá-la.
Bendita seja a Rainha dos Ventos e dos Trovões, força nada estranha, mãe incansável que, como brisa leve, me arrepia a cada amanhecer, trazendo a paz como fiel companheira da minha vida.
Regina Carvalho – 4.12.2025 | Tubarão – SC

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