segunda-feira, 15 de março de 2021

CONSOLO-ME COM AS ROLINHAS, OS PARDAIS E OS CHAPINHAS.

Madruguei na esperança de que talvez, o meu sabiá esteja chegando no habitual horário e, como não me encontra, se vá para outras paragens, crendo que o abandonei.





Consolando-me, imaginando-o tão desolado quanto eu, sentindo-se abandonado, esquecido entre muitos outros atrativos, mas não, isso jamais, voltaria a acontecer.
Preciso revê-lo...
Por enquanto, o silencio é tão profundo, que nem mesmo o galo à distância é capaz de distrair a minha atenção e os senhores grilos, compreendendo a minha aflição, fazem tão somente, pano de fundo, nesta espera angustiante.
Volta sabiá, encanta-me com o teu canto, faça-me sorrir com as tuas traquinagens e a abraçar-me com a tua presença.
Volta sabiá, volta, preciso te ouvir cantar...
Preciso do teu bater de asas, da tua vaidade egocêntrica a exibir-te para mim, com os teus voos rasantes que surpreendentemente, movimentam os meus instantes, preenchendo os meus vazios.
Dizem os mais entendidos, que tu te escondes no outono e que eu, preciso ter paciência, pois, só a partir do inverno, retornarás.
Penso nos outonos passados entre mil agitações, em que deixei teu canto passar batido, não percebendo a tua ausência, cobrindo-te de solidão.
Neste instante, quanta falta tu me fazes, pois quietinha em meu canto, faço de ti, poesia, amparo-me no teu canto, viajo nas tuas asas, inspiro-me na tua presença, regozijo-me com a tua chegada.
Enquanto, anseio por ti, meu adorável sabiá, cá estão as ariscas rolinhas, os agitados pardais e os delicados chapinhas e com sorte, quem sabe, uma borboleta piedosa, venha me consolar.
Volta sabiá volta, me deixe te ouvir cantar...

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