quarta-feira, 10 de março de 2021

BAÚ DAS RIQUEZAS

Desde o dia 26/12/2020 quando iniciei a escrita de minha biografia que terminei em fevereiro numa produção pra lá de intensiva que, percebi o quanto as lembranças estavam vivas em minha mente, como se tivessem vida própria em mim, trazendo-me infinitas lembranças que precisei ir selecionando, não só pelo volume apresentado, como pela relevância no contexto de minha caminhada existencial.


Gente, eu aprontei demais!!!
Incansável na criatividade em agitar o cotidiano, não permitindo marasmo, preguiça ou inercia, apanhando no ar, todas as possibilidades que sobrevoavam a minha mente agitada e se não bastasse, ainda tive ao meu lado um maluco beleza que, quando também não inventava, aderia às minhas iniciativas e literalmente entrava de cabeça e juntos, aprontamos demais.
Entendíamos um ao outro com um simples olhar, até mesmo, quando a vontade era simplesmente exterminar com o outro. E foram muitas as ocasiões em que esta vontade nos rondou entusiasmadamente, mas no final, a amizade, o respeito e um amor fora dos padrões convencionais se mostravam mais fortes e resistentes, talvez, porque no íntimo, sabíamos que seria quase impossível encontrarmos outros parceiros que tivessem coragem para dividirem conosco nossas naturezas livres e super abastecidas de um tesão interminável em viver.
Pensando agora, sem tê-lo literalmente ao meu lado, posso perceber que beleza foi a nossa vida, num colecionar constante de emoções nem sempre calmas e saborosas, mas com certeza, absolutamente emocionantes, na variante dos sabores.
Gente como nós, foge do apenas comum e abraça apaixonadamente o inédito e o belo, sem qualquer maior pretensão em reter, apenas sentir no tempo que seja possível...
E foram tantos possíveis tempos de brilho e luz, sorrisos e emoções, ganhos inimagináveis, mesmo nos dias de hoje, assim como as aparentes perdas que sucumbiria qualquer outro mortal, mas não a nós, que decidimos sem nada combinar, que só não poderíamos perder a alegria de viver, os sorrisos fáceis, a amorosa cumplicidade, o carinho e o respeito pelo tudo mais, as emoções inesperadas e os arrepios fantásticos que sinto agora, só em recordar.
Fomos gauches na vida?
Provavelmente, numa avaliação social, mas na emocional, fomos incrivelmente poderosos, vibracionalmente atuantes, percorrendo estradas e labirintos em sua maioria desconhecidos e que muito nos fizeram donos do mundo, nos garantindo a cada instante que ao morrermos, levaríamos conosco as luzes arrebanhadas nas muitas aventuras, porque no tocante ao resto, cá deixaríamos, mas como o pouco e o reduzido, jamais me satisfez, tratei de escrever por toda a minha vida, afinal, meus versos e textos, desejei que estes ficassem, como baús de riquezas que conseguisse acumular, apenas vivendo e aprendendo.
Meu Roberto, mais tranquilo e menos exigente, cansou e se foi primeiro conversar com as estrelas ou mesmo acompanhar os voos dos passarinhos, paixão que dividíamos, mas eu, resistente, cá estou acumulando mais um pouco de riquezas, afinal, é notório que sempre fui exagerada, extrapolando todos os meus limites de vida e liberdade, amor e tesão por esta vida, que por todo o tempo, sinto ser simplesmente fantástica.
Então, agora mais quietinha e menos arrojada, preciso e quero muito me lambuzar com a rapa do tacho de minha Itaparica, cheirosa e saborosa, morna e tranquila que só a Bahia tem para me oferecer.
Bom demais da conta!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PERDÃO

Ao longo de minha vida, arrependi-me infinitas vezes pelo que fiz, falei , pensei ou escrevi e quando, agora na audácia da arrogância, crend...