quarta-feira, 28 de outubro de 2020

BENDITOS ARREPIOS


Caminhando lentamente com o cuidado esmerado de um pisar bem leve como se estivesse singrando num mar de águas mansas, mas por dentro, meu Deus, quanta agitação...

Disfarço num esforço supremo de que a minha ansiedade não irrompa este corpo forte e transcenda além de mim, num absurdo e barulhento estrondo de sede de ainda viver.

Assusto-me vez por outra com os arrepios inadequados ao tempo e ao espaço, mas confesso que gosto de sentir a vida se agitando em mim, num desavergonhado estado de êxtase, pulsando intensamente, pedindo bis de um  refrão bem executado, mas já harmoniosamente guardado, sem mais qualquer voz para cantá-lo, além da voz de minha própria alma.

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