quinta-feira, 21 de maio de 2020

Incompatibilidade com as cobertas.


Ainda bem que moro em Itaparica de tempo quente, que afora uns poucos dias no outono e inverno, faz calor o ano inteiro, caso contrário, eu estaria perdida com as viradas constantes na cama, durante o sono do senhor Roberto.
Nelas, o agitado marido, enrola-se nas cobertas e assim, irremediavelmente, ele me descobre, deixando-me em posição fetal, buscando um calor imaginário de meu instinto protetor.
E assim, quando reclamo, ainda tenho que escutar pacientemente ele afirmar que vive me cobrindo, nas muitas acordadas noturnas.
Olha, só eu sei o que passei de frio nas seguidas décadas de morada nas serras mineiras, onde o recurso era dormir agasalhada e os pés cobertos por grossas meias, pois, se dependesse das cobertas que, supostamente, teríamos que dividir, eu já teria morrido de hipotermia há muito tempo.
Nossa Dona Regina, deixa de ser exagerada, e o calor aconchegante do véio, não vale nada?
Oh! Se vale, quem sou eu para viver sem ele que com seu abraço quente e amigo me estreitou ao longo de toda a minha vida.
Mas espera aí, ele também sorveu por todo o tempo do calor do meu regaço, mas na hora do bendito sono, salve-se quem puder...
Pelo andar da carruagem, junho está chegando e além de não ter as festividades coloridas e gostosas das festas juninas, pelo visto, pela primeira vez, comemoraremos nosso aniversário de casamento (52 anos), no dia de São Pedro, sem a presença de nossa pequena e unida família, pois um está em Sto. Antônio de Jesus e a outra em Tubarão (SC).
Dá para perceber que estou um tantinho nostálgica, deve ser pelo isolamento, a falta da minha prainha de águas mansas e mornas e do calor dos deuses que amo.
Daqui a pouco passa, mas a saudade de meu Luiz e de minha Anna Paula, esta só passará quando, finalmente, puder abraça-los bem apertadinho.
Meu cãozinho me conhece tanto, que veio deitar-se colado aos meus pés, deixando o seu calor de fiel e sensitivo amigo, esquentá-los.
Bendita seja a vida em suas variadas apresentações.
Bendito somos nós, por senti-las sem receio em expressá-las.

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