quarta-feira, 27 de maio de 2020

LEMBRANÇAS DE UM TEMPO QUE SE RENOVA



Existem passagens que vivenciamos que são absolutamente inesquecíveis, eternizando- se em nossas mentes e almas como se fossem marcas indeléveis.
O tempo passa e volta e meia, lá vem as lembranças que, agradavelmente sorrateiras, fazem brotar em nossos semblantes o brilho de um sorriso.
Nesta manhã, tomando o café com o Roberto, falávamos daquelas pessoas que por mais que se mostrem contrárias aos nossos pensamentos e ideais, ainda assim, não despertam em nós aquela rejeição dolorida que outros, que nada nos afetaram, despertam com suas simples presenças, nos fazendo arrepiar.
Creio que esta seja a explicação para a tão falada afinidade que existe ou não, mas que é determinante para a harmonia de nossas mentes, fazendo-nos mais pacientes e compreensivos, frente ao que, absolutamente, nada podemos modificar.
Nesta linha de raciocínio, voamos em nossa mente para o ano de 2006, quando fomos chamados na Prefeitura pelo, então, prefeito Cláudio Neves, a quem nunca tínhamos conhecido pessoalmente.
Ainda me lembro que era um sábado e tínhamos acabado de chegar da praia, meios lá, meios cá, devido a umas cervejinhas, quando o telefone tocou e era ele em pessoa, solicitando as nossas presenças, mas sem determinar a real razão.
 Lá chegando, encontramos o que na polícia chama de “casa de caboclo”, pois quase todo o seu secretariado  por lá se encontrava, prontinhos, depois concluímos, para assistirem aquele poderoso senhor nos sacrificar.
Ouvimos uma enxurrada de lamentações a respeito de nossas publicações no, então, Jornal Variedades, e depois de longa preleção, nos foi dada breve palavra e o incrível aconteceu, pois, nascia também naquele instante uma enorme admiração por um homem que disse o que quis e soube ouvir o que, certamente, não esperava de um casalzinho simples, editores de um pequeno jornal, mas que nem por isso, permitiu ver tombado por qualquer tipo de autoridade, a dignidade de seus desempenhos profissionais.
Nascia ali uma convivência incrível, onde a admiração, o respeito e a lealdade foram e continuam sendo as bases principais.
A apoteose desta parceria, aconteceu nas eleições de 2008, quando de coração aberto percorremos todo este município, debaixo de sol a pino, numa energia simplesmente fantástica para um casal, ainda não proclamado do “grupo de risco” e onde, pessoalmente, mesmo sabendo não ter qualquer chance de ganho, por diversos fatores culturais, candidatei-me à vereança de Itaparica, pois, o mais importante era lutar pelo que eu acreditava ser o melhor, naquele momento para a cidade que, já naquele tempo, havia nos abraçado e acolhido com imenso carinho.
Naturalmente que o tudo de bom que somos capazes de produzir nesta vida, não acontece sem que sejamos tenazes e propícios a aceitar os muitos contraditórios que uma relação de qualquer natureza possa produzir, mas quando, as intenções são balizadas na lógica da aceitação das diferenças, certamente, tudo é possível de se harmonizar.
Saudades dos tempos maravilhosos de muitos sorrisos, abraços e beijos e de uma energia pujante que transformou o nosso grupo, numa só célula de alegria, pois, queiramos nós admitir ou não, Cláudio é um legítimo Líder agregador, capaz de explosões de sorrisos e expressões iradas que fazem tremer a terra ao seu redor, mas sempre com muita autenticidade,  mesmo não sendo enxergado por alguns poucos que, arredios, permaneceram à parte com seus preconceitos e inseguranças pessoais, não se sentindo integrados.
Certamente, perderam uma grandiosa oportunidade de crescerem como pessoas, se dando o direito de conhecer melhor o que lhe parecia contraditório.
Perdemos por pouco, mas a vitória da consciência da luta e os ideais consolidados, jamais foram perdidos ou desperdiçados.
Treze anos depois, novamente Cláudio Neves se mostra ao povo, ele e nós, mais amadurecidos, mais realistas, mas, certamente, todos imbuídos do desejo ardente de resgatar de nossas naturezas íntimas o espírito de luta que nos caracteriza, levando-nos após “Pandemia”, a romper os grilhões do peso de nossas idades para percorrermos os mesmos trajetos de outrora, sabedores que somos de que vai ser espetacularmente diferente.
Ganhando ou perdendo, certamente estaremos lá e acolá, buscando com o suor escorrendo e o sorriso ressecado da contínua sede, devido ao possível calor escaldante, a gloria maior de nos sentir existindo, participando e agregando à vida, a nossa esplendorosa alegria por estarmos vivendo e defendendo o que acreditamos que no presente momento, é o melhor para a nossa Itaparica.
Afinal, na vida, só o que somos capazes de demonstrar é o que conta.

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