Existem
passagens que vivenciamos que são absolutamente inesquecíveis, eternizando- se
em nossas mentes e almas como se fossem marcas indeléveis.
O tempo
passa e volta e meia, lá vem as lembranças que, agradavelmente sorrateiras, fazem
brotar em nossos semblantes o brilho de um sorriso.
Nesta manhã,
tomando o café com o Roberto, falávamos daquelas pessoas que por mais que se
mostrem contrárias aos nossos pensamentos e ideais, ainda assim, não despertam
em nós aquela rejeição dolorida que outros, que nada nos afetaram, despertam
com suas simples presenças, nos fazendo arrepiar.
Creio que
esta seja a explicação para a tão falada afinidade que existe ou não, mas que é
determinante para a harmonia de nossas mentes, fazendo-nos mais pacientes e
compreensivos, frente ao que, absolutamente, nada podemos modificar.
Nesta linha
de raciocínio, voamos em nossa mente para o ano de 2006, quando fomos chamados
na Prefeitura pelo, então, prefeito Cláudio Neves, a quem nunca tínhamos conhecido
pessoalmente.
Ainda me
lembro que era um sábado e tínhamos acabado de chegar da praia, meios lá, meios
cá, devido a umas cervejinhas, quando o telefone tocou e era ele em pessoa,
solicitando as nossas presenças, mas sem determinar a real razão.
Lá chegando, encontramos o que na polícia
chama de “casa de caboclo”, pois quase todo o seu secretariado por lá se encontrava, prontinhos, depois
concluímos, para assistirem aquele poderoso senhor nos sacrificar.
Ouvimos uma
enxurrada de lamentações a respeito de nossas publicações no, então, Jornal
Variedades, e depois de longa preleção, nos foi dada breve palavra e o incrível
aconteceu, pois, nascia também naquele instante uma enorme admiração por um
homem que disse o que quis e soube ouvir o que, certamente, não esperava de um
casalzinho simples, editores de um pequeno jornal, mas que nem por isso,
permitiu ver tombado por qualquer tipo de autoridade, a dignidade de seus
desempenhos profissionais.
Nascia ali
uma convivência incrível, onde a admiração, o respeito e a lealdade foram e
continuam sendo as bases principais.
A apoteose
desta parceria, aconteceu nas eleições de 2008, quando de coração aberto
percorremos todo este município, debaixo de sol a pino, numa energia
simplesmente fantástica para um casal, ainda não proclamado do “grupo de risco”
e onde, pessoalmente, mesmo sabendo não ter qualquer chance de ganho, por
diversos fatores culturais, candidatei-me à vereança de Itaparica, pois, o mais
importante era lutar pelo que eu acreditava ser o melhor, naquele momento para
a cidade que, já naquele tempo, havia nos abraçado e acolhido com imenso
carinho.
Naturalmente
que o tudo de bom que somos capazes de produzir nesta vida, não acontece sem
que sejamos tenazes e propícios a aceitar os muitos contraditórios que uma
relação de qualquer natureza possa produzir, mas quando, as intenções são
balizadas na lógica da aceitação das diferenças, certamente, tudo é possível de
se harmonizar.
Saudades dos
tempos maravilhosos de muitos sorrisos, abraços e beijos e de uma energia pujante
que transformou o nosso grupo, numa só célula de alegria, pois, queiramos nós
admitir ou não, Cláudio é um legítimo Líder agregador, capaz de explosões de
sorrisos e expressões iradas que fazem tremer a terra ao seu redor, mas sempre
com muita autenticidade, mesmo não sendo
enxergado por alguns poucos que, arredios, permaneceram à parte com seus
preconceitos e inseguranças pessoais, não se sentindo integrados.
Certamente, perderam uma grandiosa oportunidade de crescerem como pessoas, se dando o direito de conhecer melhor o que lhe parecia contraditório.
Certamente, perderam uma grandiosa oportunidade de crescerem como pessoas, se dando o direito de conhecer melhor o que lhe parecia contraditório.
Perdemos por
pouco, mas a vitória da consciência da luta e os ideais consolidados, jamais
foram perdidos ou desperdiçados.
Treze anos
depois, novamente Cláudio Neves se mostra ao povo, ele e nós, mais amadurecidos,
mais realistas, mas, certamente, todos imbuídos do desejo ardente de resgatar
de nossas naturezas íntimas o espírito de luta que nos caracteriza, levando-nos
após “Pandemia”, a romper os grilhões do peso de nossas idades para percorrermos
os mesmos trajetos de outrora, sabedores que somos de que vai ser espetacularmente
diferente.
Ganhando ou
perdendo, certamente estaremos lá e acolá, buscando com o suor escorrendo e o
sorriso ressecado da contínua sede, devido ao possível calor escaldante, a
gloria maior de nos sentir existindo, participando e agregando à vida, a nossa esplendorosa
alegria por estarmos vivendo e defendendo o que acreditamos que no presente
momento, é o melhor para a nossa Itaparica.
Afinal,
na vida, só o que somos capazes de demonstrar é o que conta.
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