Sem valor,
ordinário, reles. Segundo Aurélio, estes são os sinônimos
referentes a fuleiro, palavra que as vezes uso em meus escritos e, até mesmo,
quando me olho no espelho e percebo que estou mal vestida ou quando vejo
mulheres batendo boca em público como se fossem briguentas de beira de rio ou de
algum cortiço de qualquer cidade populosa.
Hoje em dia,
acrescentei o fuleiro ao meu país, e isto é uma falácia horrorosa que confesso
vez por outro expresso, quando na realidade, o povo brasileiro é que é fuleiro
na medida em que foi aceitando e se associando a um sistema de governar falido,
provocando o flagelamento das instituições e de suas próprias vidas.
Trocou o
direito em ter qualidade de vida, na sua mais básica expressão, por meia dúzia
de coisas que fazem parte de um consumo doméstico, esquecendo-se que o
verdadeiro ganho de conquistas advém do acesso a uma educação de qualidade,
amparada numa saúde plena e num habitat decente, onde todos de uma família possam
crescer através de incentivos agregativos e sólidos, em um ambiente seguro.
Cúmplices
nos tornamos destes desvios de condutas na medida em que aceitamos e nos
beneficiamos de alguma forma com os desmandos amparados em políticas sociais
frágeis e sem estrutura de reais sustentabilidades, criando assim, um
contingente de falsos portadores de conhecimentos em conjunto com outro
contingente de reféns da contínua pobreza em favor de um espetáculo mambembe de
políticos, juristas e empresários, que degustam da fuleiragem.
Se o pais
está tão bom quanto grita a esquerda, por que estamos numa situação tão absurda
de perdas sistemáticas de quase tudo?
Por que
nossos índices de desenvolvimento econômico e humano chegaram a um patamar só
comparável aos países mais miseráveis do planeta?
Por que nos
tornamos piada mundial, quando estávamos em 2002 a passos largos de um
crescimento sólido?
Fuleiro
somos nós que aplaudimos um judiciário vergonhoso em seu corporativismo abusivo,
um congresso de marginais destruidores do patrimônio móvel e imóvel públicos,
de municípios sistematicamente saqueados por prefeitos e corriolas, que são
como baratas sempre nas sombras, contaminando tudo que tocam, e de vereadores
que mais parecem moscas, sempre prontos a uma pousadinha aqui e acolá,
verdadeiras pragas.
Meu Brasil
não é fuleiro, muito pelo contrário, meu Brasil é lindo, rico, repleto de tudo
e muito mais que possamos sequer imaginar.
Meu Brasil
só tem um sério e doloroso problema que é o seu fuleiro povo, leviano de
essência, que a ele só sabe dar valor em momentos determinados, de preferência
ao som de um batuque qualquer, da cerveja na goela e dos gols do futebol.
E aí, penso
na Amazônia, no São Francisco, nas chapadas, nos minérios, e como um filme,
desfilam em minha mente infinitas mais riquezas se doando a todos nós, enquanto
como malditos fuleiros, aplaudimos, brigamos e elegemos os abutres de plantão.
E não abro exceções
nos exemplos que citei, pois de uma forma ou de outra, todos se tornam
companheiros, comparsas ou omissos, nesta marcha de retrocesso.
Somos
fuleiros sim senhor...
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