Estive, como
sempre, presente na Câmara Municipal de Itaparica por ocasião da prestação de
contas que, diga-se de imediato, foi didaticamente explicada ao público
presente, que se resumia em sua maioria a funcionários da própria prefeitura e
assessores diretos da gestão.
No entanto,
todo o evento foi transmitido ao vivo pela sua Rádio Tupinambá FM.
Acompanhei
os itens apresentados com a mente aberta ao entendimento, mas reconhecendo as
minhas limitações contábeis, deixando-me ao direito de apenas buscar dados que
explicassem os gastos em relação à arrecadação que, na avaliação de pessoa
comum do povo, pareceram-me elevados ao pensar na precariedade em que a cidade
vem vivenciando o seu cotidiano.
Em vista
desta premissa, fui registrando algumas perguntas que as explicações da especialista
em finanças, assim como a Controladora do município, não foram capazes de
esclarecer, até porque, não cabia a nenhuma delas tecer considerações sobre as
decisões da gestora em relação ao destino das verbas arrecadadas.
Precisei
sair antes que a Prefeita Marlylda Barbuda fizesse o seu discurso de fechamento
e, ainda na calçada, pude ouvi-la lamentar-se pela ausência da oposição e de
lideranças políticas que não estavam presentes para questioná-la em relação as
dúvidas que geralmente são colocadas nas redes sociais e, por um instante, pensei
em retornar, mas meu Roberto lembrou-me da consulta que me aguardava na
dentista em Mar Grande, além do fato de ali estarmos presentes na qualidade de
jornalistas.
A ausência
de alguns vereadores, além de lideranças políticas, oposicionistas ou não,
realmente causa desconforto a nós jornalistas, pois diariamente colocam dúvidas
e mais dúvidas sobre a competência e falta de transparência da atual gestão, e
no momento em que esta se coloca à disposição para responder a questionamentos,
de forma clara e direta, fogem do debate. Infelizmente, esta é uma postura que se repete
sistematicamente há anos em Itaparica.
Todavia, a
minha natureza jornalística num misto de filósofa humanista, não poderia deixar
passar batido algumas perguntas que antecedem inclusive várias delas a qualquer
prestação de contas previamente estabelecida por assessorias, assim como jamais
responsabilizaria esta gestão pelas mazelas existentes, pois a sua maioria é
HISTÓRICA, exatamente por não terem sido devidamente priorizadas em nenhuma
gestão anterior, a não ser em raras ocasiões em pontos específicos com a
chancela de verbas estaduais e federais, ficando as verbas de arrecadação local
tão somente em sua maioria com o destino de “arrumação da casa”, que a cada
gestão precisa ser refeita gerando enormes atrasos e perpetuando a falta de
desenvolvimento urbano da cidade.
Lembro-me do
discurso do ex-prefeito Cláudio Neves, que dizia que primeiro cuida-se da mãe,
no caso a (casa), para depois esta poder cuidar dos filhos com mais eficiência.
Confesso que
jamais concordei na íntegra com esta premissa, afinal, como deixar os filhos
desguardados enquanto cuida-se da mãe?
Soava e
ainda soa estranho aos ouvidos e ao bom senso, preferindo crer que melhor seria
que as verbas e intensões fossem dividas no cuidado de ambas, num compasso de
ritmo coerente com a urgência de socorro que juntas necessitam.
Bem, de lá
para cá, pelo menos testemunhado por mim, esta prática não só foi usada como
prioridade, como abusada na sua descaracterização de objetivo, levando o
Município a uma estagnação gigantesca, o que garantiu à atual gestão vitória no
pleito eleitoral com expressiva votação, uma vez que a população exaurida em
sua paciência de filho sofredor, decidiu virar o jogo, apostando no improvável pela
falta de histórico administrativo, mas inédito, quanto ao vício notório da
inoperância em relação a colocar o povo como
prioridade.
Bem, todo
este preâmbulo abre espaço para reflexões que se tornaram dúvidas que,
naturalmente, no momento da prestação de
contas, não poderiam ser expostas, mesmo sendo o lugar, mas, certamente, não o
momento, pois exige tempo para que sejam pensadas em suas formulações para não
caírem no risco de ser ofensivas ou ilógicas.
1- Qual a necessidade de tantos
funcionários contratados e comissionados se em caso das muitas demissões dos
mesmos que ocorreram ao longo deste período desde a posse, os departamentos
continuaram a desenvolver os trabalhos internos?
2- Como pensar-se em compras milionárias
que ocorreram e ainda ocorrem desde o início da gestão em relação a produtos de
uso exclusivo dos funcionários, como guardanapos, toalhas de papel, papeis
higiênicos, e etc., com dispensa licitação, sem que fosse pensado em aplicar-se
em atendimentos sociais, como cestas básicas, fraldas geriátricas e infantis,
reforço de merenda, pagamentos de TFD, reforço na compra extra de remédios,
fora da cota oferecida pelo governo, transporte para pacientes da saúde, e etc.?
3- Por que alugar-se de imediato tantos
carros para transporte de funcionários se a população não dispunha e não dispõe
de um transporte público regular, organizado e de qualidade?
4- Por que a contratação de tantas
assessorias a preços incompatíveis com a realidade da cidade, se há cargos
preenchidos por funcionários que se deduz deveriam ser qualificados para o
exercício dessas funções?
Exceção às consultorias junto aos órgãos federais.
5- Por que priorizar-se festas e
contratações de astros e estruturas de som, palco e segurança numa política de
agregação cultural até louvável, se o povo se mantém refém da pobreza, alguns beirando
a miserabilidade em todos os aspectos, assim como da fragilidade em termos de
dignidade em seu ir e vir, devido a precariedade de infraestrutura da cidade,
carente em quase tudo.
As festas tradicionais se sucedem, no entanto, até hoje, um ano e meio
depois, não se apresentou um projeto para incrementar o turismo, a geração de
emprego e renda da população.
6- Como compreender o aumento para a empresa de
recolhimento do lixo, que é a mesma da gestão passada, sem que esta apresente
qualquer melhoria?
7- Como assimilar a contratação de uma nova
empresa de ônibus para transporte escolar em detrimento de uma local, sem que a
atual apresente visíveis alterações quanto a qualidade dos mesmos, sendo alvo
de inúmeras críticas do povo?
8- Também não houve qualquer investimento no
recolhimento dos animais, que permanecem fazendo das ruas, lotes e depósitos de
lixos sua pastagem diária, colocando em
risco a saúde e bem-estar público; acreditamos que deva existir alguma
assessoria especializada nesta mazela social, que aí sim, mereceria ser
contratada, a fim de encontrar alguma solução viável e adequada à cidade e seus
moradores. No entanto, falta o quê? Vontade política para contrariar
interesses?
Cada item apresentado, certamente abre um leque de inúmeros outros
questionamentos quanto as consequências até então desastrosas às expectativas
dos quase 9.000 votos obtidos por esta gestão, que há muito vem se revertendo,
certamente já percebida pela gestão, uma vez que a cada discurso, observa-se a
preocupação em justiçar as ações realizadas, que, em sua maioria, são projetos
estaduais e programas federais comuns a todas as gestões como seguimento a
políticas públicas de assistência social no combate à pobreza e outros, todos
muito limitados no tocante a repasses monetários.
Na mente dos cidadãos com um pouco de esclarecimento social, não há lugar
para que haja continuidade das mazelas itaparicanas, já que as mesmas foram
usadas como bandeira de futuras mudanças, o que justificou uma radical postura
no voto do eleitor, não se justificando a não aceitação da gestão deste fato
real e indiscutível.
Este texto é longo e absolutamente sem sentido para ser publicado numa
época em que a instantaneidade abreviada tem seu lugar de destaque nas redes
sociais, todavia, como ser sucinto em assuntos tão variados, complexos e importantes?
Creio que ainda é pequeno e deficiente em vários aspectos que não abordei
e que precisariam ser discutidos e analisados através de meu blog e do meu programa
na Rádio Tupinambá, onde conto com um público fiel, já acostumado com a minha
forma didática de apresentar os problemas e suas alternativas de solução.
Certamente, outros momentos virão e novas questões serão colocadas, mesmo
convicta de que esta obrigação pertence a cada vereador e lideranças políticas,
seja da oposição ou não.
Acreditei sempre que o entendimento lento seja lá do que for, se torna
gradativo e sólido, na mente de cada pessoa como um farto conhecimento que
passa a fazer sentido e lógica, daí eu não ter pressa em arrebanhar multidões
de apoiadores através de minhas crônicas ou explanações radiofônicas, preferindo
os acenos discretos e carinhosos daqueles que compreenderam as pretensões e intenções
de cada proposição por mim apresentada ao longo destes muitos anos de trabalho jornalístico.
Só acredito no diálogo que promove mudanças e enriquece os envolvidos,
num ciclo bendito de ensinamentos e aprendizados.
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