domingo, 3 de junho de 2018

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESTAÇÃO DE CONTAS DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2018



Estive, como sempre, presente na Câmara Municipal de Itaparica por ocasião da prestação de contas que, diga-se de imediato, foi didaticamente explicada ao público presente, que se resumia em sua maioria a funcionários da própria prefeitura e assessores diretos da gestão.
No entanto, todo o evento foi transmitido ao vivo pela sua Rádio Tupinambá FM.
Acompanhei os itens apresentados com a mente aberta ao entendimento, mas reconhecendo as minhas limitações contábeis, deixando-me ao direito de apenas buscar dados que explicassem os gastos em relação à arrecadação que, na avaliação de pessoa comum do povo, pareceram-me elevados ao pensar na precariedade em que a cidade vem vivenciando o seu cotidiano.
Em vista desta premissa, fui registrando algumas perguntas que as explicações da especialista em finanças, assim como a Controladora do município, não foram capazes de esclarecer, até porque, não cabia a nenhuma delas tecer considerações sobre as decisões da gestora em relação ao destino das verbas arrecadadas.
Precisei sair antes que a Prefeita Marlylda Barbuda fizesse o seu discurso de fechamento e, ainda na calçada, pude ouvi-la lamentar-se pela ausência da oposição e de lideranças políticas que não estavam presentes para questioná-la em relação as dúvidas que geralmente são colocadas nas redes sociais e, por um instante, pensei em retornar, mas meu Roberto lembrou-me da consulta que me aguardava na dentista em Mar Grande, além do fato de ali estarmos presentes na qualidade de jornalistas.
A ausência de alguns vereadores, além de lideranças políticas, oposicionistas ou não, realmente causa desconforto a nós jornalistas, pois diariamente colocam dúvidas e mais dúvidas sobre a competência e falta de transparência da atual gestão, e no momento em que esta se coloca à disposição para responder a questionamentos, de forma clara e direta, fogem do debate.  Infelizmente, esta é uma postura que se repete sistematicamente há anos em Itaparica.
Todavia, a minha natureza jornalística num misto de filósofa humanista, não poderia deixar passar batido algumas perguntas que antecedem inclusive várias delas a qualquer prestação de contas previamente estabelecida por assessorias, assim como jamais responsabilizaria esta gestão pelas mazelas existentes, pois a sua maioria é HISTÓRICA, exatamente por não terem sido devidamente priorizadas em nenhuma gestão anterior, a não ser em raras ocasiões em pontos específicos com a chancela de verbas estaduais e federais, ficando as verbas de arrecadação local tão somente em sua maioria com o destino de “arrumação da casa”, que a cada gestão precisa ser refeita gerando enormes atrasos e perpetuando a falta de desenvolvimento urbano da cidade.
Lembro-me do discurso do ex-prefeito Cláudio Neves, que dizia que primeiro cuida-se da mãe, no caso a (casa), para depois esta poder cuidar dos filhos com mais eficiência.
Confesso que jamais concordei na íntegra com esta premissa, afinal, como deixar os filhos desguardados enquanto cuida-se da mãe?
Soava e ainda soa estranho aos ouvidos e ao bom senso, preferindo crer que melhor seria que as verbas e intensões fossem dividas no cuidado de ambas, num compasso de ritmo coerente com a urgência de socorro que juntas necessitam.
Bem, de lá para cá, pelo menos testemunhado por mim, esta prática não só foi usada como prioridade, como abusada na sua descaracterização de objetivo, levando o Município a uma estagnação gigantesca, o que garantiu à atual gestão vitória no pleito eleitoral com expressiva votação, uma vez que a população exaurida em sua paciência de filho sofredor, decidiu virar o jogo, apostando no improvável pela falta de histórico administrativo, mas inédito, quanto ao vício notório da inoperância em relação a colocar o povo como  prioridade.
Bem, todo este preâmbulo abre espaço para reflexões que se tornaram dúvidas que,
 naturalmente, no momento da prestação de contas, não poderiam ser expostas, mesmo sendo o lugar, mas, certamente, não o momento, pois exige tempo para que sejam pensadas em suas formulações para não caírem no risco de ser ofensivas ou ilógicas.
1-    Qual a necessidade de tantos funcionários contratados e comissionados se em caso das muitas demissões dos mesmos que ocorreram ao longo deste período desde a posse, os departamentos continuaram a desenvolver os trabalhos internos?
2-    Como pensar-se em compras milionárias que ocorreram e ainda ocorrem desde o início da gestão em relação a produtos de uso exclusivo dos funcionários, como guardanapos, toalhas de papel, papeis higiênicos, e etc., com dispensa licitação, sem que fosse pensado em aplicar-se em atendimentos sociais, como cestas básicas, fraldas geriátricas e infantis, reforço de merenda, pagamentos de TFD, reforço na compra extra de remédios, fora da cota oferecida pelo governo, transporte para pacientes da saúde, e etc.?
3-    Por que alugar-se de imediato tantos carros para transporte de funcionários se a população não dispunha e não dispõe de um transporte público regular, organizado e de qualidade?
4-    Por que a contratação de tantas assessorias a preços incompatíveis com a realidade da cidade, se há cargos preenchidos por funcionários que se deduz deveriam ser qualificados para o exercício dessas funções?
Exceção às consultorias junto aos órgãos federais.
5-    Por que priorizar-se festas e contratações de astros e estruturas de som, palco e segurança numa política de agregação cultural até louvável, se o povo se mantém refém da pobreza, alguns beirando a miserabilidade em todos os aspectos, assim como da fragilidade em termos de dignidade em seu ir e vir, devido a precariedade de infraestrutura da cidade, carente em quase tudo.
As festas tradicionais se sucedem, no entanto, até hoje, um ano e meio depois, não se apresentou um projeto para incrementar o turismo, a geração de emprego e renda da população.
6-     Como compreender o aumento para a empresa de recolhimento do lixo, que é a mesma da gestão passada, sem que esta apresente qualquer melhoria?
7-    Como assimilar a contratação de uma nova empresa de ônibus para transporte escolar em detrimento de uma local, sem que a atual apresente visíveis alterações quanto a qualidade dos mesmos, sendo alvo de inúmeras críticas do povo?

8-     Também não houve qualquer investimento no recolhimento dos animais, que permanecem fazendo das ruas, lotes e depósitos de lixos sua pastagem diária,  colocando em risco a saúde e bem-estar público; acreditamos que deva existir alguma assessoria especializada nesta mazela social, que aí sim, mereceria ser contratada, a fim de encontrar alguma solução viável e adequada à cidade e seus moradores. No entanto, falta o quê? Vontade política para contrariar interesses?

Cada item apresentado, certamente abre um leque de inúmeros outros questionamentos quanto as consequências até então desastrosas às expectativas dos quase 9.000 votos obtidos por esta gestão, que há muito vem se revertendo, certamente já percebida pela gestão, uma vez que a cada discurso, observa-se a preocupação em justiçar as ações realizadas, que, em sua maioria, são projetos estaduais e programas federais comuns a todas as gestões como seguimento a políticas públicas de assistência social no combate à pobreza e outros, todos muito limitados no tocante a repasses monetários.
Na mente dos cidadãos com um pouco de esclarecimento social, não há lugar para que haja continuidade das mazelas itaparicanas, já que as mesmas foram usadas como bandeira de futuras mudanças, o que justificou uma radical postura no voto do eleitor, não se justificando a não aceitação da gestão deste fato real e indiscutível.
Este texto é longo e absolutamente sem sentido para ser publicado numa época em que a instantaneidade abreviada tem seu lugar de destaque nas redes sociais, todavia, como ser sucinto em assuntos tão variados, complexos e importantes?
Creio que ainda é pequeno e deficiente em vários aspectos que não abordei e que precisariam ser discutidos e analisados através de meu blog e do meu programa na Rádio Tupinambá, onde conto com um público fiel, já acostumado com a minha forma didática de apresentar os problemas e suas alternativas de solução.
Certamente, outros momentos virão e novas questões serão colocadas, mesmo convicta de que esta obrigação pertence a cada vereador e lideranças políticas, seja da oposição ou não.
Acreditei sempre que o entendimento lento seja lá do que for, se torna gradativo e sólido, na mente de cada pessoa como um farto conhecimento que passa a fazer sentido e lógica, daí eu não ter pressa em arrebanhar multidões de apoiadores através de minhas crônicas ou explanações radiofônicas, preferindo os acenos discretos e carinhosos daqueles que compreenderam as pretensões e intenções de cada proposição por mim apresentada ao longo destes muitos anos de trabalho jornalístico.
Só acredito no diálogo que promove mudanças e enriquece os envolvidos, num ciclo bendito de ensinamentos e aprendizados.



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