Existem manhãs em que me sinto embriagada de emoções, apenas com pequenos goles do mais fino vinho, despertando em mim uma profunda euforia pelo seu raro sabor.
Penso então que nem tudo está perdido, enquanto, em meio à confusão coletiva, existirem pessoas extraordinárias que, para além da linha que limita o gigantismo da representatividade humana, resistem e, mesmo no anonimato, persistem, semeando o belo e o justo, contrariando as forças limitantes que travam o desenvolvimento intelectual.
As sociedades humanas erguem barreiras que dificultam escaladas que só os idealistas ousam enfrentar, ainda que se firam, por vezes dolorosamente.
São feridas nem sempre visíveis, mas que exigem forças descomunais de resistência, pois há um sistema cobrador e cruel que divide sentimentos e emoções, atraindo a culpa e o castigo por não se estar integrado à alienação coletiva, seja de hábitos, costumes ou crenças religiosas, onde Deus e o Diabo, cobradores implacáveis, seguram firmemente os arreios da liberdade, caminho único do legítimo pensador.
Dedico este texto ao amigo poeta e narrador de histórias, Luis Brito, que, no dia de hoje, ao celebrar o seu aniversário, embriagou a mim e a quem o ler com o raro e precioso vinho mental da sua mente profícua. Trouxe a público um único pensamento, mas nele continha a dor limitante dos sistemas políticos e sociais que, como metástases, se espalham como manipulações contaminantes.
Bendita é a mente que pensa, reflete e transmite.
Regina Carvalho – 26.11.2025, Tubarão – SC

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