segunda-feira, 17 de novembro de 2025

RESPEITANDO LIMITES

O dia amanheceu acinzentado, mas, pelo menos até agora, nem frio e muito menos chuva. Esta indefinição climática, que nem ata nem desata, está surtindo efeito nas minhas inspirações que, da mesma forma, apresentam-se confusas.

São mais de nove horas deste início de semana e cá estou, selecionando o que escrever, o que definitivamente não combina com meus hábitos, já que as palavras costumam pulular na minha mente, muitas vezes antes mesmo de eu acordar, tornando meus escritos mais autênticos e naturalmente espontâneos.


No entanto, a palavra “limites” insiste em ir e vir em tudo que leio ou penso, lembrando-me de que não devo me preocupar por estar postergando alguns compromissos. Afinal, sempre fui tão rigorosa em cumpri-los que, de vez em quando, fugir à regra certamente não me tirará a responsabilidade de mais adiante realizá-los.

Será que é exatamente por isso que a minha mente, como um letreiro luminoso, estampa, variando em tamanho e cores a palavra limite na minha consciência, como forma de me lembrar que é tempo de relaxar, nem que seja um pouquinho, este meu senso de responsabilidade em querer atender a tudo, como se o mundo fosse acabar só porque eu simplesmente parei para descansar?

Será isso? Ou será que, mesmo tardiamente, os meus limites, insistentemente ultrapassados, agora tenham emperrado como burros chucros?

Novembro está acabando, mais um aniversário chegando, coladinho ao Natal e à beira do início de um novo ano. E a consciência de que tudo passa e de que sequer me lembro do que comi no almoço de ontem, não impedirá o almoço de hoje, porque o de amanhã será sempre uma incógnita.

E então, como perguntadora contumaz, indago no vazio das minhas dúvidas existenciais: por que insistimos tanto em nos violar, ultrapassando nossos limites, seja no que for?

E o que é pior: utilizamo-nos de todas as argumentações para justificar as dores que cada linha cruzada nos causa, forjando compensações absolutamente imaginárias, enquanto nossas almas choram e nossos corpos sofrem os efeitos colaterais da ignorância teimosa que nos impede de frear esta compulsão simbiótica de ultrapassar os benditos limites que, se existem, é para serem respeitados.

Regina Carvalho – 17.11.2025 – Tubarão/SC

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