As nuvens pairavam no horizonte das profundezas de mim, mas as minhas mãos suaves, porém teimosas, foram afastando-as uma a uma, tentando permitir que os raios de um sol imaginário iluminassem o impossível que o medo insistia em aprisionar.
Na companhia da madrugada e do teclado, torno-me artista do próprio sentir: risco a tela com traços firmes ou delicados, sempre guiada pela intensidade que me habita. Quero fazer das letras murais coloridos, mesmo quando o resto não passa da tinta preta das incertezas sobre o branco dos meus quereres.
O coração acelera, a respiração se aperta, o peito sufoca, mas a mente, sábia pelo tempo, sopra serenidade e murmura: “Calma… tudo a seu tempo.”
O adágio que ouço desliza dos ouvidos à alma e transporta-me como folha ao vento, num bailado que se repete entre o céu e a terra. Ali, guiada pela fé, continuo a desenhar mais um quadro da minha vida, como se cada gesto fosse tecla de um piano onde se fundem sonhos e realidade.
“Há quadros que só se pintam no silêncio da madrugada.”
E então, enfim, o sono chega. Bem-vindo seja.
Regina Carvalho- 19.11.2025 Pedras Grandes SC -1.47h

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