Pois é…
Ontem vim passar uns dias na casa da minha filha, em Pedras Grandes, bem pertinho de Tubarão, entre o rio e uma mata deliciosa, tudo aquilo que nós duas simplesmente adoramos. Para completar, há ainda o encanto da comidinha da roça e o cheiro do mato verde, que me abraça como uma memória antiga.
Depois de cinco anos sem marido para aquecer os meus pés e outras cositas mais, ter de dividir a cama com filha, cachorro e gato… confesso: é demasiado para mim, pelo menos na primeira noite.
Resumindo: quem disse que consegui passar das três e meia da manhã?
Levantei-me vagarosamente, quase como uma sonâmbula, e ataquei a geladeira. Depois disso, fiquei “enchendo linguiça” no notebook, copiando receitas que, sinceramente, não terei tempo de vida suficiente para testar, mas é um velho hábito que carrego com ternura.
Entre uma iguaria e outra, com promessas de sabores incríveis, lembrei-me de ouvir música. Graças ao amigo Jeferson Borges, que me presenteou com a belíssima La Barca, na voz de Luis Miguel, fui imediatamente levada ao sítio de Caeté. Ali, no silêncio majestoso da Serra da Piedade, sem vizinhos por perto, eu dava-me ao luxo de escutar por horas a fio a seleção de CDs dele — sempre no volume máximo — misturada a clássicos, jazz e blues que me faziam viajar e produzir infinitas inspirações. Tudo isso sempre na companhia inseparável das minhas pastoras alemãs, Buana e Xuxinha.
Olho agora através da vidraça da janela e, tal como em Caeté, a deliciosa serração abraça as copas das árvores, conferindo-lhes o mistério que tanto adoro contemplar.
Belos tempos. Bela vida.
Regina Carvalho — 14.11.2025
Pedras Grandes, SC
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