A mente cansada pede socorro através da impaciência, da intolerância e daquela sensação contínua de querer fugir para um lugar onde simplesmente não haja obrigações, nem mesmo a de dizer: Bom dia.
O amanhecer de um novo dia torna-se um enfado; trabalhar, um martírio; conviver, até mesmo com quem se gosta, um tormento. Mas que fazer, se não se pode parar?
Apoiada na premissa de que é preciso seguir, a mente sábia, mas exausta, utiliza todos os recursos para salvar-se. E, para isso, despeja parte do seu cansaço em algum lugar do corpo, fragilizando-o o suficiente para que a criatura, enfim, pare.
A princípio, são pequenos avisos. Porém, sem o descanso devido, não demora para que esses sinais se intensifiquem, solapando aqui e ali, como gritos silenciosos de socorro.
Penso nisto quando observo as pessoas a “curtirem” as tão merecidas férias que, na esmagadora realidade, muitas vezes se transformam numa sobrecarga: uma dose extra de obrigações, temperada com a adição generosa do álcool como suposto indutor de relaxamento.
A tensão e os condicionamentos são tantos que a criatura não se permite simplesmente fechar os olhos e deixar a mente desligar-se, permitindo que o corpo volte à harmonia.
Mudar de espaço e de hábitos durante quinze ou trinta dias não configura, por si só, relaxamento. É apenas uma mudança de palco, texto e figurantes, onde o tumulto mental persiste sob nova e previamente preparada – direção.
Não é raro surgirem desavenças e tentativas de fuga interna, pois a mente esgotada sussurra o tempo inteiro: “Preciso descansar…”
Que coisa, viu!
Regina Carvalho – 25.11.2025
Tubarão – SC

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