domingo, 16 de novembro de 2025

“Escalafobética”

Acordei meio assim…

Pensando bem, acho que, na realidade, em cada etapa da minha vida houve inúmeras ocasiões em que eu não precisei fazer esforço algum para me sentir exatamente assim.

E então, nas minhas crises existenciais, como a que percebo estar vivenciando agora, surge um desapego crescente, cada vez mais aguçado, de tudo aquilo que outrora foi importante: coisas, pessoas, sentimentos, emoções e todo o resto que, até ontem ou no mês passado, parecia fundamental.


Em tempos passados, essa sensação trazia um desconforto que eu tentava compensar de alguma forma, certamente forçando uma barra contra a minha própria mente. Afinal, eu não sabia, como sei agora, que esta indiferença, esta apatia, nada mais é que a conscientização de que jamais precisei e que, portanto, não me diz absolutamente nada.

O mais incrível é que não sinto culpa. Aquele incômodo que me induzia a insistir em posturas, pessoas e hábitos, mesmo quando eu já sabia conscientemente que nada mais fazia sentido. Antes era uma insistência desagradável, que mal conseguia disfarçar de mim mesma o medo e a insegurança de ser julgada, condenada ou simplesmente esquecida.

A solidão existencial é um facto de que raras pessoas falam sem recorrer às tradicionais retóricas politicamente corretas. Na dura e indiscutível realidade, essa solidão só deixa de existir quando a própria pessoa deixa de existir. E então, tudo aquilo que consumiu instantes, dias, meses e anos transforma-se apenas em algumas caixas de papelão a serem doadas para desocupar o guarda-roupa, mas principalmente para desocupar a vida daqueles que permanecem.

Cruel?

Não. Apenas real…

O que tento dizer é que devíamos ensinar às nossas crianças que, diante de tudo, é essencial perguntar:

“EU PRECISO OU APENAS QUERO?”

Regina Carvalho – 15.11.2025 – Pedras Grandes, SC

Em tempo:

“Escalafobética” é uma palavra feminina que descreve algo ou alguém esquisito, extravagante, um estilo, objeto ou ideia fora do convencional, estranha ou incomum.

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