domingo, 30 de novembro de 2025


 

SALDO POSITIVO…

E então, depois de viver um dia intenso e profundamente alegre, desses que cansam o corpo, porque, afinal, a senhorinha é forte, mas não é de ferro, amanheço, como de hábito, a escrever e a avaliar a minha vida. Entre um gole de café e outro, vou dedilhando os meus escritos com a certeza absoluta de que, sem eles, a minha existência perderia brilho e sentido.


sábado, 29 de novembro de 2025


 

LÁ ATRÁS...

Acordei a pensar nas delícias já vivenciadas, podendo senti-las ainda frescas na memória, deixando-me degustá-las vivas na mente e saborosas nas minhas papilas gustativas.

Observo que, quando recordo um momento especial, a minha boca se umedece, como se algo delicioso eu estivesse provando  num repeteco fascinante de vida e paixão.


sexta-feira, 28 de novembro de 2025


 

APENAS NÓS…

De repente, ao limpar ontem o cesto das batatas e das cebolas, lá estava ela: solitária, quase esquecida entre as outras, à espera de ser cozida ou simplesmente descartada. Mas eis a minha surpresa ao vê-la ainda firme, deixando brotar, lindamente, a vida que insistia em surgir.

De imediato, lavei-a com cuidado e coloquei-a no peitoril da janela da área de serviço, para que recebesse o vento e o sol necessários até sábado. Nesse dia, euforicamente, irei plantá-la no quintal da casa da minha Anna Paula, para que possa, enfim, explodir-se em ramagens de renovação.


quinta-feira, 27 de novembro de 2025


 

EU BEM QUE TENTO…

Mas como silenciar a mente que insiste em amanhecer antes do sol?

Como fingir que o dia não se abre em claridade, lembrando-me  com uma delicadeza cruel que envelheço um sopro a cada manhã, mesmo quando o corpo insiste em sentir-se eterno?

Tento afastar o que não posso mudar, essa verdade dura que se revela como uma maré que nada detém.

E, nessa covardia discreta, já perdi dinheiro, ilusões e até rostos que julgava amigos.

Mas que culpa tenho eu, se a minha mente é teimosa como um pássaro que recusa a gaiola, ainda que digam que sou tola, sonhadora ou lúdica demais?


quarta-feira, 26 de novembro de 2025


 

VINHO DAS MAIS PRECIOSAS UVAS

Existem manhãs em que me sinto embriagada de emoções, apenas com pequenos goles do mais fino vinho, despertando em mim uma profunda euforia pelo seu raro sabor.

Penso então que nem tudo está perdido, enquanto, em meio à confusão coletiva, existirem pessoas extraordinárias que, para além da linha que limita o gigantismo da representatividade humana, resistem e, mesmo no anonimato, persistem, semeando o belo e o justo, contrariando as forças limitantes que travam o desenvolvimento intelectual.


terça-feira, 25 de novembro de 2025


 

A mente cansada fala baixinho:

“Para… só um instante.”

Mas o corpo insiste,

a rotina empurra,

e o cansaço escorre para dentro.

Não é o lugar que descansa 

é o silêncio que permites.

Fecha os olhos.

Respira.

Desliga.

A paz começa aí.

Regina Carvalho- 25.11.2025 Tubarão SC



PERMITA-SE RELAXAR

A mente cansada pede socorro através da impaciência, da intolerância e daquela sensação contínua de querer fugir para um lugar onde simplesmente não haja obrigações, nem mesmo a de dizer: Bom dia.

O amanhecer de um novo dia torna-se um enfado; trabalhar, um martírio; conviver, até mesmo com quem se gosta, um tormento. Mas que fazer, se não se pode parar?

Apoiada na premissa de que é preciso seguir, a mente sábia, mas exausta, utiliza todos os recursos para salvar-se. E, para isso, despeja parte do seu cansaço em algum lugar do corpo, fragilizando-o o suficiente para que a criatura, enfim, pare.


segunda-feira, 24 de novembro de 2025


 

ENTREVERO EMOCIONAL

Independentemente do motivo, conflitos emocionais nunca são um caminho saudável nem resolvem nada rapidamente. Pelo contrário: atrasam qualquer solução e criam um desgaste interno profundo, gerando energias danosas para todos os envolvidos, direta ou indiretamente.

Nada justifica a ruptura brusca de um relacionamento, sobretudo o amoroso. Ainda assim, é o que mais vemos: separações que chegam ao extremo, deixando feridas profundas e, por vezes, irreparáveis.


domingo, 23 de novembro de 2025

“O silêncio é o lugar onde a alma respira.”

Um dia depois de qualquer grande emoção, a vida sempre dá uma virada de chave na minha mente, afinal, nada mais será igual.

E ainda bem. Particularmente, não suportaria o ostracismo das mesmices, nem o silêncio constante do qual jamais abri mão, até porque preciso dele tanto quanto do ar que respiro.



 

"O Deus Que Me Habita"

Acordei com três palavras no peito:

sentimento, crença e ética.

Três fios soltos no silêncio,

mas que a vida, sábia, entrelaça

quando lhe dou tempo para falar.

Caminho sem dogmas,

mas cheia de mundos por dentro.

Sou feita de afetos antigos

e da vontade teimosa

de entender a verdade inteira

que vive na palavra ética.

E, no entanto, tropeço.

Sou breve onde queria ser longa,

divago onde queria ficar.

E nesse espaço que deixo vago,

muitos procuram deuses nos céus,

esperando milagres

que talvez nunca desçam.

Eu procurei noutro lugar.

Nos passos que dei,

nos desejos que tentei moldar,

nos acertos e desenganos

que me ensinaram a consequência.

E ali, numa dobra do tempo,

descobri que a minha consciência

é um Deus incorruptível,

que não julga para punir,

mas para mostrar caminhos.

Ela escreve em mim

a nota secreta das escolhas:

ora rios de calvários,

ora mares mornos de paz.

E quando a entendi,

quando a ouvi sem medo,

as culpas dissolveram-se,

os receios baixaram as armas,

e pude enfim caminhar

entre hortênsias perfumadas

milagres ou apenas

o eco natural das minhas decisões.

Sou, afinal,

o templo silencioso

onde habita o Deus que sou.

Regina Carvalho- 23.11.2025 Tubarão SC



quinta-feira, 20 de novembro de 2025


 

EM TUDO, O BELO

De volta ao meu aconchego neste amanhecer bendito, ouvindo alguns clássicos de Chopin, penso que eu seria uma péssima pessoa se usasse o dom de escrever, que recebi pelas graças de um generoso Deus, ou seja lá o nome que a Ele queiram dar, sem falar de amor. Como se não fosse capaz de descrever o belo das suas criações, optando apenas pelo feio, bruto e amargo também contido nas suas obras de arte universais.

Quando meus míopes olhos, com a ajuda de lentes sobressalentes, focam uma esplendorosa mata, que pode ser apenas uma pequena capoeira aparentemente isolada num imenso pasto, vejo-a como um oásis de vida, convidando-me a admirá-la.


quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Que amor é esse, meu Deus?

De súbito desperto,

e num gesto leve, quase vento,

elevo o braço ao amanhecer.

Minha mão esquerda dança no ar,

como se o mundo coubesse

entre o abrir e fechar dos meus dedos.

Oh, maravilha que somos…

Basta olhar a nudez simples das mãos

para entender que nelas vive um templo:

força, delicadeza e destino.



 

TUDO A SEU TEMPO

As nuvens pairavam no horizonte das profundezas de mim, mas as minhas mãos suaves, porém teimosas, foram afastando-as uma a uma, tentando permitir que os raios de um sol imaginário iluminassem o impossível que o medo insistia em aprisionar.

Na companhia da madrugada e do teclado, torno-me artista do próprio sentir: risco a tela com traços firmes ou delicados, sempre guiada pela intensidade que me habita. Quero fazer das letras murais coloridos, mesmo quando o resto não passa da tinta preta das incertezas sobre o branco dos meus quereres.

O coração acelera, a respiração se aperta, o peito sufoca, mas a mente, sábia pelo tempo, sopra serenidade e murmura: “Calma… tudo a seu tempo.”

O adágio que ouço desliza dos ouvidos à alma e transporta-me como folha ao vento, num bailado que se repete entre o céu e a terra. Ali, guiada pela fé, continuo a desenhar mais um quadro da minha vida, como se cada gesto fosse tecla de um piano onde se fundem sonhos e realidade.

“Há quadros que só se pintam no silêncio da madrugada.”

E então, enfim, o sono chega. Bem-vindo seja.

Regina Carvalho- 19.11.2025 Pedras Grandes SC -1.47h



terça-feira, 18 de novembro de 2025


 


 

EM TUDO DOU GRAÇAS ✨🌈

Hoje, depois de um simples gesto de amor — uma sopinha quente feita pela minha nora e trazida com carinho pelo meu filho — meu coração voltou a agradecer. 

E, nesse instante, um filme de memórias emergiu…

Revi os meus fundos de poço, as noites densas, os silêncios profundos. E percebi, mais uma vez, que superei tudo, não por mérito próprio, mas pela força silenciosa que habita em mim e que nunca me deixou sucumbir. 


segunda-feira, 17 de novembro de 2025

RESPEITANDO LIMITES

O dia amanheceu acinzentado, mas, pelo menos até agora, nem frio e muito menos chuva. Esta indefinição climática, que nem ata nem desata, está surtindo efeito nas minhas inspirações que, da mesma forma, apresentam-se confusas.

São mais de nove horas deste início de semana e cá estou, selecionando o que escrever, o que definitivamente não combina com meus hábitos, já que as palavras costumam pulular na minha mente, muitas vezes antes mesmo de eu acordar, tornando meus escritos mais autênticos e naturalmente espontâneos.


 


domingo, 16 de novembro de 2025


 

“Escalafobética”

Acordei meio assim…

Pensando bem, acho que, na realidade, em cada etapa da minha vida houve inúmeras ocasiões em que eu não precisei fazer esforço algum para me sentir exatamente assim.

E então, nas minhas crises existenciais, como a que percebo estar vivenciando agora, surge um desapego crescente, cada vez mais aguçado, de tudo aquilo que outrora foi importante: coisas, pessoas, sentimentos, emoções e todo o resto que, até ontem ou no mês passado, parecia fundamental.



 

CONTABILIZANDO EMOÇÕES

Cá estou de volta ao meu cantinho em Tubarão e, de tão cansada, acabei por adormecer no sofá com a televisão ligada, hábito adquirido ao longo dos anos de convivência com o meu Roberto, que me fazia cafuné enquanto assistia às suas séries preferidas.

A diferença é que, depois, ele me guiava, ainda dormindo, e me ajeitava na cama. Como não sentir saudades?

Penso então na sorte que tive, quando ainda menina, enxerguei nele o amor da minha vida…


sexta-feira, 14 de novembro de 2025

ESTRANHEI A CAMA OU A COMPANHIA?

Pois é…

Ontem vim passar uns dias na casa da minha filha, em Pedras Grandes, bem pertinho de Tubarão, entre o rio e uma mata deliciosa, tudo aquilo que nós duas simplesmente adoramos. Para completar, há ainda o encanto da comidinha da roça e o cheiro do mato verde, que me abraça como uma memória antiga.

Depois de cinco anos sem marido para aquecer os meus pés e outras cositas mais, ter de dividir a cama com filha, cachorro e gato… confesso: é demasiado para mim, pelo menos na primeira noite.

Resumindo: quem disse que consegui passar das três e meia da manhã?



 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025


 

“Eu sou o eu que escolhi ser.”

Li esta frase logo cedo, numa postagem sobre o ator Sidney Poitier da minha amiga Carmem Lúcia Salomane.

E ela encaixou-se em mim como uma luva fina, daquelas que tocam a alma.

Desde cedo aprendi regras não ditas, mas profundamente sentidas.


quarta-feira, 12 de novembro de 2025

 "Ética... pra que serve mesmo?"

Nem nos apercebemos, mas é a ética que conecta o comando da nossa íntima caixa de forças às energias que determinam as nossas ações e reações à intensidade e qualidade que nos refletem.

Poderia ter recebido infinitos outros nomes, ou simplesmente nenhum, se o genial e curioso pensar de Aristóteles não a tivesse definido, nomeando-a como “ética”, a partir do termo grego éthos, que significa “caráter”, “costumes” ou “modo de ser”. Foi ele quem a estabeleceu como o estudo da conduta humana e da busca pelo bem supremo/ felicidade ou o florescimento humano, transformando-a numa disciplina prática, focada em como viver e agir para alcançar uma vida plena.

Depois de ler, observar e vivenciar comigo e com os outros, por toda a minha vida, chego à conclusão, atrevida e assumidamente “filósofa tupiniquim”, de que no início, meio e fim de qualquer convivência humana, há apenas uma pergunta que se deva fazer, um ensinamento que devemos repassar:

“E se fosse comigo?”

 Regina Carvalho-Tubarão, SC – 12.11.2025



terça-feira, 11 de novembro de 2025

SEM TEMPO PARA SOFRER

Nesta manhã, mais do que nunca, acordei a pensar no quanto a vida, a universalidade, ou seja lá o que for, esteve ao meu lado o tempo todo. Prefiro crer que tenha sido ação divina: um constante exercício de empurra e estica entre dores e frustrações que pareciam fatiar-me, e as incríveis alegrias que me abasteciam de esperança, mantendo-me ocupada, impedindo-me de sofrer e lembrando-me do poder de degustar por completo as fascinantes experiências existenciais, raras para alguns, inexistentes para a maioria, mas absolutamente sorvidas por mim, em formas e ocasiões surpreendentes.



 


 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

SOLIDÃO - POR QUE NÃO?

Criamos as palavras e, dependendo da era em que vivemos, associamos a elas medos, angústias, culturas e, acima de tudo, preconceitos. E, em nome do que tememos, acabamos por nos escravizar, sem correntes aparentes.

Quando decidi permanecer sozinha em minha casa, na Ilha de Itaparica, fui cobrada o tempo todo. Afinal, que loucura era essa de ficar só, entre pássaros, numa casa desproporcional às necessidades de uma única pessoa e, ainda mais na minha idade?

De repente, após a morte do meu Roberto, imaginaram-me uma haste sem o concreto que a sustentasse.

Que coisa, viu!


quinta-feira, 6 de novembro de 2025


 

DESUMANIZAÇÃO

Não sei você que me lê, mas eu, a cada dia, mais me recolho nos meus escritos, não por covardia, já que minha vida foi composta de atos contínuos, onde não cabia o medo; do contrário, jamais teria chegado até aqui tão inteira como me sinto, mas por pura prudência.

Medir cautelosamente os riscos é fundamental e, para tal, não me faltaram perspicácias sensitivas para senti-los, graças unicamente à bendita educação doméstica, que descortinou para mim, ainda criança, o comparativo de valores entre a natureza, Deus e eu.


quarta-feira, 5 de novembro de 2025


 

SEM PERDÃO

Que hábito doentio é esse que possuímos de endeusar determinadas figuras, retirando delas a bendita humanidade que poderia servir de espelho produtivo para nós e para os demais?

Como se o simples fato de deixar transparecer as mazelas apagasse, concomitantemente, as suas evidentes grandezas.

Ídolos públicos, sejam religiosos, políticos ou artísticos, pela vivência e complexidade, não estão isentos de cometer erros, de terem dúvidas e medos, ou mesmo de fazer escolhas pessoais que não se alinhem com o que se acha e se crê.

👇Formatação ilustrativa-IA


terça-feira, 4 de novembro de 2025




 

CARRAPICHO

São quatro e trinta desta terça-feira de novembro. O ano já se aproxima do fim e, em breve, mais uma vez, iremos festejar a chegada de um novo ciclo, deixando para trás perdas e danos, ainda que por alguns segundos, durante a contagem regressiva. Teremos em mãos uma bebida compatível com a realidade financeira deixada pelo ano que se despede e, na mente, apenas a esperança de um tempo melhor.

Enquanto esse momento não chega, arrastamos, cada qual, os embaraços ainda não resolvidos, assim como o cansaço e o desgaste, absolutamente reais, de mais um ano de nossas vidas. Inconscientemente, procrastinamos, amparados em argumentos que a nossa mente fértil cria para que não enfrentemos esta ou aquela questão que nos exaure mais do que as lutas diárias pela sobrevivência.

Penso no quanto somos repetitivos nas posturas, já que fazemos da esperança um lúdico engano. Afinal, se nada alteramos, como esperar reais mudanças?

Não seria essa insistência em prolongar o que já não faz sentido uma forma de sabotagem emocional, um jeito de driblar o medo do fracasso aos olhos do mundo, em detrimento do próprio interior, que dói e chora?

Tolamente, acreditamo-nos livres, festejando um novo ano que chega, ainda arrastando consigo a pesada bagagem das íntimas hipocrisias, como se fossem carrapichos.

A quem, afinal, enganamos?

Regina Carvalho — 4.11.2025, Tubarão SC



segunda-feira, 3 de novembro de 2025

 

“O Bordado do Tempo”

Entre agulhas e memórias,

vou alinhavando o que vivi.

Cada ponto é uma história,

cada linha, um “ainda estou aqui”.

Nas tramas que o tempo tece,

há fios de dor, fios de alegria.

Uns desbotam, outros enaltecem

o pano cru da poesia.

Furei meus dedos sem medo,

chorei nas horas de engano.

Mas do sangue fiz enredo,

e do erro o meu plano.

Não uso dedais de proteção,

prefiro sentir o que é real.

O toque, o risco, a imperfeição,

dão forma ao meu bordado final.

E quando olho o que costurei,

vejo o mapa da minha essência:

não há linha que eu não amei,

nem ponto sem resistência.

Regina Carvalho- 3.11.2025 Tubarão SC