terça-feira, 29 de julho de 2025

Quando o Amor se Torna Silêncio...

Acordei pesando no meu estilo de escrita reflexiva que exercito desde os meus quatorze anos, quando então, auxiliada pela espiritualidade, foquei minha atenção nas incoerências que percebia nos comportamentos humanos e seus efeitos nas ações e reações a partir do meu convívio familiar e que ao longo da vida, fui percebendo tratar-se de cópias que só mudavam de endereço.

Hoje, focarei no declínio das emoções amorosas, pontuando não ser um fenómeno exclusivo da juventude, como se costuma afirmar, afinal todos em algum momento da vida, fomos jovens e também aprendizes no amor. Com o tempo, descobrimos que amar exige muito mais do que encantamento e promessas feitas em tardes de sol. Exige presença, cumplicidade, paciência e sobretudo, maturidade.


É comum atribuir-se ao cotidiano o desgaste dos sentimentos. De fato, a rotina tem o poder de tornar invisível aquilo que antes nos fascinava. Os diálogos perdem brilho, os gestos tornam-se previsíveis e o afeto, por vezes, transforma-se em uma série de obrigações silenciosas. No entanto, não é apenas o passar dos dias que corrói a vitalidade das relações.

Penso que há algo mais profundo em jogo: a ausência de amizade verdadeira entre os pares, a falta de uma cumplicidade sólida, capaz de resistir às inevitáveis mudanças da vida. Talvez, nunca tenhamos aprendido a ser companheiros antes de sermos amantes. Ou talvez, tenhamos escolhido com o coração em chamas, sem considerar se o outro, de fato, corresponde às nossas necessidades mais autênticas.

E é aí que nasce a frustração: quando nos damos conta de que o outro não nos oferece aquilo que esperávamos e, por vezes, nunca prometeu. Quando percebemos que a nossa escolha, embora sincera, não foi a mais alinhada com os nossos anseios mais profundos.

Amar, afinal, é também um exercício de lucidez. De saber quem somos e o que realmente procuramos. De aceitar que o outro não é responsável por preencher os nossos vazios, mas por caminhar ao nosso lado, com respeito e desejo mútuo de crescimento.

A pergunta que fica é: será que nós amamos de forma consciente, ou apenas nos deixámos levar pela promessa do amor idealizado?

Talvez, se aprendêssemos a cultivar mais amizade, escuta e verdade nos nossos relacionamentos, o amor não morreria, apenas mudaria de forma. E permaneceria, mantendo-nos juntos ou separados, porque afinal, o amor, o carinho, a cumplicidade e o respeito, não precisa dividir a mesma cama e sim, manter unidas duas almas.

Provavelmente além de outras inerências culturais e psicológicas, a falta destes quesitos, também seja em grande parte, responsável pelas agressões e feminicídios em números sempre crescentes.

Regina Carvalho- 29.7.2025  Tubarão S.C

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