Acordei com o som de um pássaro na janela. Nada de extraordinário, diriam muitos. Todavia, aqui nesta janela comum que se descortina para um jardim encharcado pelas constantes chuvas, sinto uma espécie de milagre pulsando . O canto do pássaro, os aromas vindos do jardim, a repentina vontade de tomar um cafezinho, o céu ainda escuro, o meu respirar. Tudo é vida e eu estou aqui para apreciar...
Penso então, que vivi tantas vezes no automático, preocupada com o que faltava, com o que ainda não havia conquistado, que esquecia da maravilha maior: estava viva. Respirando, sentindo, pensando, amando, desejando e, ainda que o mundo e o meu cotidiano me parecessem às vezes caótico, eles eram, sobretudo, fascinantes, porque eu poderia senti-los.
Estar vivo é um convite constante ao deslumbramento. É encontrar beleza num pôr do sol apressado ou num sorriso partilhado no meio da rotina. É sentir o vento ou uma brisa nos lembrando que não controlamos tudo e que, ainda assim, uma força estranha nos faz seguir adiante.
“A consciência da vida é uma espécie de farol que ilumina o presente e dá sentido ao que somos”.
Na realidade, não precisamos de grandes feitos para valorizarmos a existência. Basta um instante de presença, um olhar atento, um coração sereno e grato.
Hoje, nesta manhã fria de inverno tropical, mais uma vez, reconheço que viver é um privilégio. E que estar aqui, neste mundo cheio de contrastes, aromas, cores e sabores é um presente que merece ser celebrado todos os dias.
Este texto não é filosofia e sim, uma constatação.
Bom dia!
Regina Carvalho- 8.6.2025 Itaparica
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