quinta-feira, 10 de julho de 2025

A FILOSOFIA E EU

Acordei lembrando de quando, aos 60 anos, decidi voltar a estudar e assim o fiz, ingressando na UFRB para cursar filosofia em meio a uma linda garotada que me recebeu muito bem. 

Desde o início constatei ter adentrado numa constelação de ideias e ideais, onde cada pensador se tornara uma brilhante estrela, distribuindo caminhos de aperfeiçoamento existencial.

Percebi que mais que teorias, seus questionamentos, dúvidas e sugestões, quando lidas e entendidas, estavam sendo capazes de abrirem as portas de minha mente, universalizando-a e isto, me fascinou e consolidou a minha própria teoria que já vinha por longos anos desenvolvendo, afinal, reconhecia a carência existente nas escolas em relação ao aprimoramento das práticas vivenciais.


Partindo da premissa real de que viver e conviver não é uma tarefa fácil, ter a oportunidade de conhecer os estudos filosóficos de forma prática e objetiva é se preparar para ser uma pessoa com mais excelência, afinal, a criança e adolescente receberá através da filosofa, uma espécie de espelho, onde lhe será possível se enxergar e se interrogar, alinhando suas posturas diante da própria realidade.   

Nas aulas de filosofia, não se oferecem respostas prontas. Oferecem-se perguntas. E é nelas que mora a magia: aprender a conviver com a dúvida, a escutar o outro, a argumentar sem agredir, a discordar com elegância. Este é o treino invisível que a filosofia promove, já que é uma ginástica interior que fortalece os músculos do caráter.

Em tempos em que o imediatismo dita os ritmos da vida, pensar tornou-se quase um ato de resistência. Mas há um lugar onde a semente do pensamento pode e deve ser plantada: a escola.  E é nesse terreno fértil que a filosofia, muitas vezes relegada ou aplicada inadequadamente e sendo tratada como disciplina secundária, deixa de mostrar seu verdadeiro poder: o de ensinar a viver.

Por isso, ensinar filosofia é mais do que ensinar história do pensamento: é cultivar posturas, promover convivências mais humanas, despertar consciências adormecidas. É plantar raízes profundas num tempo de superficialidades.

E talvez, seja esse o verdadeiro sentido da educação: ensinar o aluno a tornar-se alguém com quem valha a pena conviver consigo e com o tudo mais.

Regina Carvalho- 10.7.2025 Itaparica

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