Enquanto assisto, o trailer do filme The Chosen (O Escolhido) produzido e dirigido por Mel Gibson, pausei em uma determinada cena em que Jesus afirma ser “o filho do homem”, enquanto, discutia com os sacerdotes se poderia ou não alimentar o povo no sábado, dia reservado ao jejum em respeito a Deus.
Penso então, que esta afirmação que poderia ser uma arrogante exibição de poder, ao contrário, representou a constatação pessoal e íntima de se sentir um filho criado e amado do pai celestial e consequentemente, assim, considerava a todos os demais, fossem humanos ou não, mas que representassem vida, valor supremo que comprovava a sua existência e poder, sobre as ideias e vontades humanas, que bem sabia ele, estava sujeito a sentimentos e emoções, influenciadas por sua própria natureza competitiva e na silenciosa e camuflada ânsia em igualar-se a ele.
Como mais um dos filhos de Deus, não poderia sujeitar-se as determinações dos humanos, que se achavam superiores na hierarquia celestial e que indevidamente, criavam comportamentos dogmáticos que por mais que parecessem atos de respeito ao pai, na mais translucida realidade, eram meios de controle e escravização das mentes dos que nele criam, colocando o medo da punção divina, como argumento de convencimento.
Ao ler o novo testamento ao longo de 2003, o fiz buscando coerência nas afirmativas posturais de jesus que se coadunassem com as suas próprias posturas de andarilho, aparentemente sem eira e nem beira para os padrões da época, que abusadamente, desafiava qualquer tipo de imposição, oriunda de um poder, onde seus membros, agiam exatamente ao contrário ou seja; “ouçam e obedeçam ao que eu determino, mas não se atrevam a querer viver como eu vivo.”
Essa divisão social e consequentemente humana, está presente de forma dolorosamente explicita em todas as passagens bíblicas, apresentando um pai celestial que foi capaz de criar dois tipos de humanos, um para ser senhor e outro para ser escravo e aí, como não enxergar este disparate em toda a história humana, assim, como não enxergar os reais propósitos de Jesus que entendeu o absurdo em usarem o nome de Deus para alicerçarem os interesses de grupos específicos, garantindo-os recursos, fartura, poder, domínio e glorias.
O Jesus que identifiquei será sempre um sábio ativista das causas humanas, um mestre firme, coerente e amoroso, que trouxe o ideal filosófico da vivência plena, para a prática do cotidiano.
Este Jesus, eu me esforço em seguir, como filha de um Deus que com ele compreendi, residir em mim.
Regina Carvalho- 19.4.2025 Itaparica
Nenhum comentário:
Postar um comentário