Passados tantos anos, ainda não consegui mensurar se somos um povo tolo ou corrompido.
Ainda não consegui chegar a uma conclusão, por outro lado, de que me serviria tê-la, se nada, absolutamente nada seria alterado no cenário do meu país varonil, se seu povo, sempre preferiu deixar como está, para ver no que vai dar...
Quanto a mim, constato que a passagem do tempo, me livrou daqueles ímpetos de lutas cegas que foram se mostrando inúteis em todos os sentidos e não me refiro somente, quanto as políticas nacionais, mas as do dia a dia, em que me empenhei, flamulando bandeiras disto ou daquilo, para mais adiante, vir a compreender suas totais inutilidades, restando apenas, o consolo em ter sido ano após ano, considerada uma grande mulher (como dizia meu pai), mas e daí)?
De que tem me servido este título, se ainda tenho uma dezena de livros para serem publicados, mas como falam de restauração comportamental e amor, pouco chamam a atenção, já que os interesses editoriais desta era, é mais populista.
Como posso estar em pé de igualdade em popularidade com os safos barulhentos das redes sociais, assim, como com a bundas e peitos enxertados de silicone?
Como competir com as lutas históricas e flagelos pessoais que concorrem e ganham o Globo de Ouro, se não consegui jamais ser reconhecida o suficiente em minha minúscula Itaparica que me inspirou com a sua paz para implantar em uma só escola que fosse, um do meus, muitos projetos voltados a vida de nossas crianças e adolescentes.
Fala sério Regina, você é igual a qualquer canalização de escoamento de ruas e avenidas que ninguém vê, portanto, não são colocados, já que custam caro e não dão votos, daí, tantas pracinhas e festas de arromba.
Quando leio, vejo e ouço uma notícia como a decretação da prisão de Fernando Collor de Melo, após 33 anos de robustos processos, correndo o risco de não acontecer, afinal ,o meliante ainda pode recorrer, percebo abismada que nada sinto, mesmo tendo minha vida sido brutalmente afetada em 1990, quando do bloqueio dos meus bens pessoais e comerciais, além de ainda, precisar catar os cacos da explosão, respondendo processos por não ter tido recursos para honrar alguns compromissos, mas por Deus, retirá-los de onde?
Nada, mesmo agora escrevendo e assistindo, através de minha mente, uma infinidade de momentos ( como cenas de romance dramático) simplesmente desesperadores, que desfilam, nada mais sinto, apenas, lamento não ter tido naquela época os conhecimentos existenciais que fui conquistando com a dor, o medo, o abandono, a solidão e a inveja que proporcionaram a mim e a minha família, afinal, afora o golpe governamental, os que se seguiram, deixaram cicatrizes, que custaram a fechar, mas não me mataram.
Olha eu aqui!!!
Muitos de nós, flagelados do sistema, ainda estamos aqui, sem a Globo para endeusar e sem dinheiro publico para fomentar.
Neste instante, enquanto escrevo, tudo me parece um filme, baseado em histórias reais, porque, afinal, milhares de outros brasileiros, protagonizaram suas próprias tragédias, onde as falências, derrocadas familiares, suicídios e todas as possíveis mazelas, ditaram o macabro enredo, escrito e dirigido por uma cúpula de púrias que passaram a governar o país depois, que a Ditadura Militar abriu espaço para uma "democracia piolhenta", amparada numa Constituição repleta de brechas de escape para todo malandro com burras abastecidas.
Penso no meu amigo Sergio Parmera que insiste em dizer que meus textos mais parecem bisturis nas mãos de competente cirurgião, no que agradeço sensibilizada, todavia, a minha precisão, advém dos longos anos de empenho, dedicação a uma honrada sobrevivência, repleta de tropeços, enganos e vitórias, baseada numa contínua superação, tão somente, para não deixar a minha dignidade e a de minha família ser jogada no lixo, como coisa qualquer.
*Púrias- "Púrias" é a forma plural de "piúria", que em medicina se refere à presença de pus na urina. Origem: A palavra vem do grego "pyon" (pus) e "ouron" (urina)*.
Regina Carvalho- 25. 4. 2025 Itaparica
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E a bandeira do Brasil, como pano de fundo, oferecendo poder aos "púrias" nacionais, afinal, eles ou seus rebentos, também estão aqui.
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