São cinco horas da manhã e o céu está pretinho e os sons que ouço, são dos pingos grossos que escorrem do telhado se esparramando pelo chão, enquanto o grilos agitados se despedem da madrugada e, como de hábito, não poderia faltar a música de Vivaldi (as quatro estações), cujos movimentos melódicos, curtos e intensos se coadunam com o meu estado de espírito, neste amanhecer demorado, como se o universo quisesse testar minha paciência para esperar tudo quanto desejo.
E nesta quebra de braço entre a minha vontade e a vida, esta, já deveria ter compreendido que não sou nada fácil, afinal, jogar a toalha e desistir, jamais foi uma opção para mim, já que não corro das dificuldades e não perco tempo com lamentações, reservando forças e uma poção considerável de otimismo.
Este meu determinismo foi sendo estruturado ao longo de minha vida e se renovando a cada grande conquista (todas sempre foram grandes), cujo brilho da gratidão, ofuscava qualquer lembrança ruim da espera e isso, me bastava para lamber os lábios, sorvendo qualquer lágrima de dor.
Pronto, enquanto escrevo, o céu se transforma, os pássaros chegam e, ainda estou aqui para agradecer por mais este bendito amanhecer, oportunidade que me foi dada para que eu, me redime do absurdo que cometi ao questionar, frente aos horrores deste sistema falido, o que eu ainda estava fazendo por aqui.
Pois é...
Estive e estarei enquanto puder, escrevendo sobre a pratica do amor que aprendi desde muito cedo através dos ensinamentos não falados, mas demonstrados por iluminadas criaturas que me formaram como pessoa e que depois, comprovei sua preciosa validade, quando, fui apresentada a um tal de Jesus, que reconheci de imediato não ter religião, cor, gênero ou posses e, por quem me apaixonei, compreendo que ele representava a pratica das emoções e sentimentos amorosos, caminho único para se conquistar a paz.
Compreendi com uma visão ampla e irrestrita o que, Fernando Pessoa em sua trajetória esquisita e de aparente solidão, lá em Lisboa, muito antes de mim compreendeu; “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.
Regina Carvalho- 24.4.2025 Itaparica
Nenhum comentário:
Postar um comentário