Nada de verdade engrena entre o Natal e o “Réveillon” que é uma palavra francesa, como tantas outras que tomamos pra nós e que significa “acordar”, “despertar”, e por isso e por soar chique, adaptamos para denominar as festividades que marcam o início de um novo ano.
Nunca vi muito sentido, mas confesso que reconheço que não sou “normal”, afinal, pra mim, todos os dias são recomeços, todavia, reconheço também, a importância política, social, psicológica humana em se estabelecer dias determinados para se comemorar isso ou aquilo.
Penso que nós, seres humanos desde os primórdios buscamos pensar em tudo que facilite, estimule e que de alguma forma compense nossas vidas, aliviando as tensões do simples fato de estarmos vivendo, buscando alívios momentâneos, o que para nós brasileiros é fácil, já que notoriamente, somos musicais, usando mais que qualquer outro povo, a música e o corpo, como expressões de nossas almas tropicalmente amigáveis.
Desde o tacacá, a maniçoba, o acarajé, o ensopado de bode, o bife com batatas fritas, até a tradicional feijoada, os churrascos e as cucas sulistas de sabores variados, assim, como a distribuição de infinitas e pontuais cestas básicas, para que tudo seja motivo para sempre estarmos festejando, afim de engambelarmos as árduas lutas pela sobrevivência que a cada novo ano, fica mais difícil a despeito das estatísticas e propagandas institucionais que garantem enfatizando que tudo está ótimo.
Viva portanto, as festas de largo e das colheitas, dos variados santos e orixás, dos carnavais, das juninas e pascais, das incríveis lutas pelas liberdades, seja lá do que tenha sido.
Desta forma, a vida segue na espera da seguinte comemoração, apaziguando as lacunas e as guerras entre elas, assim, como colorindo e musicando a promoção da inconsciência das aflições individuais e de grupos daqui, ou de qualquer lugar deste mundo de meu Deus.
Afinal, pensamos todos que somos felizes, sem sabermos bem porquê..
Regina Carvalho- 26.12.2024 Itaparica
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