Abro os olhos e através do vido da janela, constato que o dia ainda não amanheceu, mas ainda assim, preciso levantar, afinal, preciso colocar na tela do notebook a palavra “pausa” e assim, como de outras tantas vezes ao som de alguma deliciosa música, fiquei olhando como que hipnotizada até, que um sopro de inspiração adentrou em mim e então, o milagre da multiplicação das palavras ocorreu, transformando uma apenas palavra solta numa mente meio que ainda adormecida, num celeiro transbordante de palavras, difícil de ser contido, já que junto a elas, somam-se imagens que se confundem entre passado, presente, realidade ou tão somente, ilações e desejos abusadamente materializados.
Dentre tantas opções, uma velha imagem se destaca e através dela, posso finalmente identificar a origem desta minha capacidade em pausar, aguardando sem pressa uma brisa, um perfume ou deliciosas beliscadas (beijinhos) das piabinhas, cujo instantâneo prazer oferecido, valia o entorpecimento das pernas, nas águas geladas do riacho que eu disfarçava, balançando-as incessantemente.
Fecho os olhos, mas meus dedos continuam teclando minhas longínquas emoções, trazendo-as exatamente como foram sentidas e tatuadas pelos meus sentidos em mim, expondo-se sempre que qualquer sensação de pressa ou do angustiante desânimo, sorrateiramente, tenta se aproximar.
Penso então, que o aparente quase nada para quem sabe degustar seja lá, o que for, é sempre um precioso banquete e que a bendita pausa é tão somente, o espaço assimilador do prazer que mantém unidos o querer, a espera e o gozo.
Um beijo é ótimo, mas três em sequência, hipnotiza, leveda, fazendo valer a espera...
Regina Carvalho- 19.12.2024 Itaparica
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