...e assim, vai-se ao pé da letra, levando a vida, crendo que segue propósitos, mas na maioria das vezes, cria caminhos para tão somente, justificar suas existências e para tal, desenha e esculpi, buscas e conquistas, sob os auspícios dos modelos pré determinados da repetitiva e geralmente, atávica cultura, cegando-se, ensurdecendo-se, anestesiando-se, quanto a vida que vai fenecendo silenciosa e lentamente, antes mesmo, que a finitude o alcance.
E como zumbis vaga-se, cada qual, nos castelos, casebres ou nas calçadas de um sistema sem alma que desestrutura, até aniquilar o mais autêntico e sensível, mas maldoso o suficiente para deixar a marca de sua presença em alguns, para que os mesmos, possam sentir conscientes e lúcidos a morte antecipada de todas as suas mais autênticas ideias e ideais, tirando a esperança, única, capaz de mover as barras de aço da prisão invisível, que neles se instalou.
Em instantes de lucidez, é possível catalogar-se as montanhas de ações e reações, absurdamente desnecessárias, que impedem o apenas, viver sentindo-se, assim, como o tudo mais, tal qual, se apresenta.
E como nada de verdade é observado, sentido e degustado, as ilações e os achismos, passam a ditar as normas das condutas que em sua esmagadora apresentação ou é tola, burra ou inconsequente.
As soluções oferecidas como bengalas existenciais são muitas e variadas, todavia, seus efeitos são breves e viciantes.
E aí, interrompi por instantes uma conversa com o meu filho que simplesmente amo, para dar atenção a um lindo Sabiá, cuja barriguinha era de um amarelo quase laranja, que faceiramente se exibia diante de mim, num galho da amoreira...
Regina Carvalho- 30.12.2024 Itaparica
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