Acordei pensando em meio aos cantos dos pássaros de minha Itaparica, justo, sobre a minha geração e no quanto, mesmo sob fortíssima influência Americana e Europeia, mesmo, tendo como amarras duas ditaduras, cada década se mostrou prolífera intelectualmente de cabo a rabo, deste meu Brasil Varonil.
Vanguardista e moderna, apresentando conceitos com inovação de ideias, tendências e opiniões que revolucionaram hábitos e costumes de um país, até então, tímido na exposição de seus múltiplos talentos individuais, mesmo sempre os tendo.
Inegavelmente, somos musicais, um povo colorido em cores e sabores representativos da diversidade territorial, trazendo em cada elemento humano, um estandarte de força, talento, beleza e resistência.
Minha geração não foi melhor que atual, apenas, foi mais espontânea e autêntica na libertação das vocações oriundas, até mesmo, tendo que enfrentar as mais diversas dificuldades e entraves vivenciais, começando pelos mortíferos preconceitos.
Benditas gerações dos anos, 50/60/70 que ousaram arriscar, criar e finalmente, mudar para que as seguintes, pudessem dispor dos parâmetros indicativos do sempre possível, seja lá do que fosse, bastando serem ousados e permissíveis a não desistência de suas vocações e talentos, sem no entanto, jogarem por terra pisoteando o já absorvido, apenas, contornando com a sutil sensibilidade, sem o toque também mortífero da imposição.
Infelizmente, no meio do caminho, havia uma pedra
Havia uma pedra no meio do caminho...
Drummond previu que ela surgiria, mas ao invés de ser contornada, uma a uma as gerações seguintes, preferiram usar os tratores da banalidade, removendo-as indiscriminadamente, substituindo o belo criativo, pelo feio lucrativo.
Saudosista, claro que sou, como não seria alguém que cresceu ouvindo e lendo e, portanto, se formando, antes de tudo como pessoa humana, através de Jobim, Edu Lobo, Gil, Caetano, Fafá de Belém, Gal Costa, Maisa, Rita Lee, Elis Regina, Marrom, Roberto Carlos, Érico Veríssimo, Cecília Meireles, Drummond e uma profusão de outros tantos criadores e interpretes do melhor que a mente humana foi capaz de produzir?
A Preguiça a inércia intelectual estancou em um conjunto de escolhas óbvias que são consideradas uma opção estética de má qualidade e, de profundo mau gosto, claro, com raras exceções, frutos remanescentes de um passado, assim, nem tão distante, mas ainda capazes nos auges de seus 80/90 anos de superlotarem teatros e estádios para que outros resistentes, como eu e tantos mais, possam vê-los e ouvi-los, mantendo-nos esperançosos de que, um dia, toda esta parafernália confusa e sem rumo, volte a descobrir do tanto que são capazes, pelo simples fato de serem brasileiros.
Viva a Bossa Nova, o Tropicalismo, o Tribalismo e a poesia, estimulantes mantenedores culturais do amor, do romantismo e da legítima liberdade de se expressar.
Regina Carvalho- 5.12.2024 Itaparica
Novos Baianos em 1972
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