Por acaso, cremos que somos tão somente a cereja de um bolo sem raízes profundas cravadas na universalidade, capazes de simplesmente termos eclodidos de uma cópula animalesca?
Ou talvez, que sejamos o resultado de mais um experimento biológico da natureza que, afinal, mostrou-se mais completo?
Não escapei dessa busca humana pelo esclarecimento de sua origem e cá estou, mais uma vez, sensibilizada pela completude de cada detalhe, pensando que quem pensou a respeito para a sua criação, foi perfeito, não deixando escapar absolutamente nenhum aspecto desde a formação de um espermatozoide, até a complexidade dos seus sentidos, até o gigantismo de sua mente racional, num contexto cerebral incrível.
Deslumbrada que sempre fui com os elementos vivos que reconheço na vida, também sempre fui inconformada com o tamanho da desconsideração que dirigimos a todo este gigantismo, acreditado tolamente que tais atributos vieram de algum acaso e que somos os senhores totalitários deste universo, onde somos com certeza, o menor planeta circulante.
Todavia, como nada entendo de astros e planetas, centro-me na perfeição das minhas e das mãos alheias, capazes de delicadamente alisarem as pétalas de uma flor, assim, como poderosamente fortes, segurarem o cabo de uma enxada, fazendo saltar da terra o bendito alimento que o sustenta.
Penso então, que somos tudo e ainda assim, nada seríamos, sem os sentimentos e as emoções que fazem de cada um de nós, um ser especial.
Desperdiçamos o já restrito tempo, pensando e agindo como se fossemos senhores absolutos das verdades da vida, numa inconsciente absurda fuga do medo da morte que, afinal, nada mais é que um definitivo stop, que sem aviso prévio, chega a qualquer momento, tal qual, a vida, surpreendendo, mas jamais trazendo consigo, esclarecedora lógica.
Regina Carvalho- 15.12.2024 Itaparica
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